17 de abr. de 2018

Policiais chamam Emylson de ‘covarde e sem palavra’ depois que foram enganados pelo ex-secretário




Após deflagrarem a operação ‘Cumprindo a Lei’, que objetiva melhores salários e condições de trabalho para policiais e bombeiros militares, um grupo de militares acreanos, que estão revoltados com atual situação de descaso que se instalou na ‘caserna’, decidiu desabafar, sobre o que eles classificam como uma grande falta de comprometimento do governo do Acre com a segurança pública e com seus operadores.

A pedido dos militares, a reportagem da Folha do Acre manterá as identidades dos entrevistados sob sigilo. O encontro aconteceu na noite de quarta-feira, 11, no intervalo da janta dos policiais em um lanche na região da parte alta da cidade. Dos oito entrevistados, apenas dois mantinham o fardamento completo, o restante trajava calça jeans, tênis e camisetas da cor preta.

Sobre o fardamento, os militares informaram que estão cansados de tirar dinheiro do próprio bolso para comprar a farda e até mesmo munição.

“A situação do policial militar do Acre hoje é penosa, se já não bastasse a falta de estrutura dos batalhões e de trabalho na rua, muitos dos nossos companheiros têm que tirar dinheiro do bolso para custear seu fardamento, coturno, coletes e até munição. O governo trata a Polícia Militar do Acre com total descaso e falta de respeito”, disse o único sargento do grupo.

Um soldado, que também foi entrevistado, afirmou que já foi preciso comprar munição na Bolívia, pois as que eram disponibilizadas no armamento estavam resfriadas.

“No final do ano estivem em ocorrência de enfrentamento contra alguns membros de facção e no momento em que realizei um disparo a munição não detonou, estava resfriada, velha, por conta disso, na minha folga eu fui até a Bolívia e comprei uma caixa de munição .40, que é a munição que eu uso hoje”, disse o soldado, explicando ainda que todas as vezes que receber a arma na entrada do serviço ele retira a munição dos carregadores e as substituem pelas munições compradas por ele.

Os militares foram duros nas críticas contra o governo, sobretudo contra o ex-secretário de Segurança, Emylson Farias, que na semana passada entregou o comando da pasta ao delegado e amigo Vanderley Thomas, para concorrer ao governo do Acre no cargo de vice de Marcus Alexandre (PT).

Para o grupo, Emylson Farias é um “covarde e mentiroso”, já que os militares afirmam que foram enganados pelo então gestor da Segurança Publica do Acre.

“No momento em que o Acre, principalmente Rio Branco, vivia uma situação crítica com as centenas de execuções e a guerra das facções quase que incontrolável, o secretário Emylson Farias foi a todos os batalhões, conversou com os militares pedindo empenho e maior comprometimento da tropa no combate ao crime organizado, nós vestimos a camisa e fomos às ruas, muitos até abdicaram dos dias de folga para estarmos juntos neste enfrentamento, na ocasião o secretário se fez de amigo, se aproximou dos militares e fez diversas promessas, entre elas, de que ia buscar junto ao governador melhorias salariais, de infraestrutura e de trabalho, mas nada foi cumprido pelo secretário, que em reunião ainda teve a cara de pau de esnobar o trabalho dos militares”, desabafaram.

Por telefone, a reportagem conversou com o presidente da Associação dos Militares do Acre (AME/AC), Joelson Dias, que confirmou o não cumprimento do que foi prometido pelo próprio Governo e pela Secretaria de Segurança.

“Os políciais militares estão muito insatisfeitos com tudo que aconteceu e está acontecendo. Eles (governador Tião Viana e Emylson Farias) não cumpriram com o que foi prometido. O próprio Emylson foi de batalhão em batalhão conversar com os militares e afirmou que o governo estava 99,9% comprometido com a Polícia Militar e que iria cumprir com o que eles prometeram e em cima da hora, por duas oportunidades, ele disse ‘não’ e não foi um não em tom amigável, foi em tom ameaçador, inclusive na última reunião ele deixou bem claro para as lideranças militares que não ia cumprir com os acordos, em tom de ameaça mesmo. Ele esnobou todo o comprometimento da tropa, o que foi feito para conter a onda de criminalidade, e a prova disso foi à redução no número de mortes, mas mesmo assim ele esnobou os militares”, afirmou Dias.

A Folha do Acre nos próximos dias estará divulgando outras reportagens sobre o caos na Segurança Pública do Acre, sobretudo na Polícia Militar que foi preterida pelo governo estadual no orçamento trimestral para as instituições públicas e o que isso pode refletir nas ruas. A equipe de jornalismo da Folha do Acre prepara ainda uma matéria sobre a possível atuação de uma milícia e até mesmo o surgimento de um novo grupo de extermínio que vem agindo no estado.

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