26 de out. de 2018

Os erros econômicos da era PT, da “marolinha” do Lula às intervenções de Dilma Rousseff na área da economia. Definitivamente eles não sabem mexer com dinheiro parte II




Douglas Alencar - As análises ex post são sempre mais fáceis de serem realizadas se comparadas com análises da política econômica no momento em que estas estão sendo executadas. Contudo, é importante fazer um exercício de apontar os erros das políticas realizadas pelas diferentes equipes econômicas durante os dois mandatos da presidente eleita Dilma Rousseff.

O primeiro grande erro da presidente, no primeiro mandato, foi a escolha de conselheiros de política fiscal, com Arno Augustin sendo mais importante que Nelson Barbosa durante o ano de 2012, quando este era secretário no Ministério da Fazenda. O segundo grande erro foi a escolha de Joaquim Levy para assumir a pasta da Fazenda no início do segundo mandato. Esses dois erros não apenas contribuíram para a crise no Brasil como foram impulsionadores da quebra de constitucionalidade por meio de um impedimento duvidoso.

A crise financeira internacional, que foi iniciada em 2007/08, atingiu o Brasil em 2009. Nesse período, o secretário do Ministério da Fazenda era o Nelson Barbosa, doutor em economia pela New School em Nova York. O que se sabe de bastidores é que o Barbosa havia sugerido a política de redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), e o resultado dessa política foi o crescimento de 7,5% do PIB em 2010. O segundo impacto importante da crise financeira internacional foi em 2012. Nessa época, a presidente Dilma já estava seguindo os conselhos de Augustin, e Barbosa havia perdido espaço no governo.

Era claro o constrangimento de Barbosa quando perguntado sobre a contabilidade criativa (que ajudou a minar a credibilidade do governo na época). Nesse segundo impacto da crise financeira internacional, o trio Augustin/Mantega/Holland decidiu, com o apoio da Dilma, reduzir novamente o IPI, na tentativa de manter a demanda agregada. Nesse período, Barbosa deixou o governo, a perda de espaço foi insustentável.

Cabe ressaltar que essa foi uma decisão da presidente, e a responsabilidade por isso cabe apenas a ela. O problema de reduzir o IPI novamente nessa segunda fase da crise internacional foi que as firmas apenas aumentaram a margem de lucro, com baixo impacto sobre os preços dos produtos. Ademais, os consumidores já passaram 2009/10 e 2011 trocando eletrodomésticos e, é claro, não iriam voltar a consumir. A redução do IPI apenas aumentou as margens de lucros das empresas.

O segundo grande erro da presidente tem nome: Joaquim Levy. Com a crise brasileira se aprofundando, em parte por conta de escolhas da presidente, ela convoca Levy como ministro da Fazenda que, em poucos meses, cortou certa de R$ 30 bilhões em investimentos. Com a economia dando sinais de desaquecimento, esse corte jogou a demanda agregada para baixo, o que resultou no aumento do déficit primário e a pressão sobre o governo aumentou.

Somando-se a isso, a presidente iniciou a discussão sobre a reforma da Previdência. Tudo isso fez com que ela perdesse a base social que a elegeu. Grande parte dos economistas concorda que algum ajuste fiscal era necessário, dado que aumentos demasiados na relação dívida/PIB poderiam reduzir a nota do Brasil pelas agências de risco internacional, o que impactaria na desvalorização da taxa de câmbio e, consequentemente, na inflação. Contudo, isso não significava que o ajuste deveria ser feito em grande velocidade.

Em suma, uma política fiscal equivocada no segundo momento da crise financeira internacional, em que deveriam ter sido realizados investimentos em infraestrutura, levou à redução do IPI, o que não surtiu efeito sobre o crescimento econômico. Somando-se a outra política equivocada, a de ajuste fiscal, o resultado foi o aprofundamento da crise brasileira com um final trágico para a presidente eleita, que sofre o impedimento.
- Douglas Alencar é professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Pará (UFPA)


Gastou-se mais em caminhões em um ano, do que o governo planeja investir em uma década em novas ferrovias, de acordo com economistas da Bradesco Asset Management

Por Brad Haynes, Silvio Cascione - EXAME.com - São Paulo – Há uma luz no fim do túnel para a economia do Brasil. O problema é que, por enquanto, ela é só uma fila de caminhões parados.

O investimento provavelmente cresceu à maior taxa em três anos no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados oficiais a serem divulgados na quarta-feira. Mas é possível que até dois terços desse aumento se devam apenas à fabricação de caminhões, muito longe de atender às necessidades do país.

Tanto investimento em veículos pesados evidencia a falta de ferrovias e hidrovias, uma das principais fraquezas do Brasil, que obriga produtores a usarem cada vez mais as estradas para chegar aos portos e grandes cidades.

Gastou-se mais em caminhões em um ano, por exemplo, do que o governo planeja investir em uma década em novas ferrovias, de acordo com economistas da Bradesco Asset Management. Seria o mesmo que comprar geradores a diesel para compensar a falta de usinas eficientes de eletricidade: apenas um paliativo.

“A gente está um pouco cético com uma retomada muito forte do investimento no restante do ano”, disse o economista da MCM Consultores Leandro Padulla, que estima que cerca de dois terços do aumento na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no trimestre passado estejam ligados aos caminhões.

Segundo dados da Anfavea, associação das montadoras, a produção de caminhões cresceu 39 % no trimestre passado, sobre um ano antes.

O forte aumento na produção de veículos pesados aconteceu após queda de 40 % na fabricação no ano passado, causada pela mudança nos padrões de emissão de carbono. A redução da jornada de trabalho dos caminhoneiros também criou a necessidade de mais veículos.

Essa alta, sozinha, deve ter sido suficiente para sustentar o aumento dos investimentos no primeiro trimestre, embora outras medidas de bens de capital também tenham mostrado algum crescimento no começo do ano. A FBCF, equivalente aos investimentos realizados na economia, ficou em apenas 18 % do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012.

A fraqueza dos investimentos explica boa parte do crescimento anêmico do Brasil nos últimos dois anos. Embora os gastos dos consumidores tenham mantido a economia em movimento nesse período, a falta de infraestrutura adequada impediu que essa demanda fosse facilmente atendida, aumentando os preços.

O governo da presidente Dilma Rousseff tem isso em mente, e já identificou muitos dos investimentos em infraestrutura mais urgentes para que o Brasil recupere as décadas perdidas.

No ano passado, ela anunciou programa de concessões avaliado em 240 bilhões de reais para construir e reformar estradas, ferrovias e portos com empresas privadas. As concessões em três aeroportos –Guarulhos, Campinas e Brasília–, feitas no ano passado, já aceleraram as obras em meio aos preparativos para a Copa do Mundo de 2014.

Atrasos em sequência

No entanto, empresários afirmam que, excluindo os caminhões, não esperam forte expansão dos investimentos no curto prazo. Projetos desse tipo avançam lentamente no Brasil em meio a disputas sobre licitações e várias exigências regulatórias.

As novas estradas e ferrovias já atrasaram antes mesmo de serem concedidas.

Apesar da expectativa de que as concessões ocorressem no final do ano passado, a primeira rodada de leilões de estradas foi adiada para o segundo semestre deste ano. Caso alguma empresa perdedora recorra, o processo pode paralisar as obras por um ano ou até mais.

Os que vencerem os leilões ainda precisarão passar por um longo processo até terem todas as licenças sob o risco de que autoridades locais ou promotores paralisem as obras também.

Um exemplo é o da Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, apelidada de “rodovia da morte” por causa dos constantes acidentes. As obras de duplicação do trecho mais perigoso só foram retomadas no mês passado após uma década de disputas sobre licenças ambientais.

Isso não vale só para infraestrutura.

Se até grandes empresas nacionais como a mineradora Vale e o grupo EBX, de Eike Batista, sofrem com atrasos em seus investimentos, estrangeiros com menos contatos no país sentem razão em ficar preocupados.

“Tenho várias empresas com projetos, querendo investir, e não fazem porque o risco regulatório é muito elevado”, disse o diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes, citando setores como química, fármacos, petróleo e gás.

“Existe um conjunto de setores que depende de regras, e se elas não estão bem desenhadas, você reduz a atratividade”.

Há alguns anos, o crescimento de 7,5 % da economia do Brasil poderia ser suficiente para seduzir os estrangeiros. Mas o PIB avançou apenas 1,8 % em média nos últimos anos. Além disso, a perspectiva de que os juros subam nos Estados Unidos em alguns anos também pode atrapalhar no futuro, pois a competição por capital estrangeiro ficará maior.

Apertando os cintos

Tudo isso é o mais fácil. No longo prazo, se o Brasil quiser aumentar a taxa de investimentos de forma sustentada, vai precisar de mais do que o capital estrangeiro. Vai precisar também de dinheiro nacional.

Atualmente, a taxa de poupança do Brasil é a mais baixa entre as grandes economias emergentes e da América Latina. No ano passado, ficou apenas em 14,8 %.

“Isso vai exigir uma mudança radical do modelo econômico. Tememos que isso seja mais difícil de atingir do que muitos esperam”, disse o chefe de pesquisas em mercados emergentes na Capital Economics, em nota, Neil Shearing.

Se o Brasil atingir a meta do governo de elevar os investimentos para 25 % do PIB sem aumentar a poupança interna, Shearing estima que o déficit em transações correntes subiria para quase 10 % do PIB, nível elevadíssimo e que deixaria o país vulnerável a crises cambiais mesmo com reservas de quase 400 bilhões de dólares.

Para aumentar a disponibilidade de capital no país, é preciso convencer os brasileiros a gastarem menos e pouparem mais –um desafio, considerando que milhões ingressaram na classe média apenas recentemente e ainda estão comprando seus primeiros carros e eletrodomésticos de primeira linha.

A forma mais eficiente, de acordo com economistas, seria promover uma reforma da Previdência que incentivasse os brasileiros a dependerem menos do sistema público e pouparem mais por conta própria. Mas falta apelo popular.

“Considerando a resistência política às recentes mudanças no sistema público de previdência, não estamos com grandes expectativas, especialmente com as eleições se aproximando em 2014”, afirmou Shearing.


Mas PSDB e antigos aliados do PT contribuíram para agravar recessão

KENNEDY ALENCAR - A principal responsável pela atual recessão foi a política econômica adotada no governo Dilma. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou hoje o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado: queda de 3,6% na comparação com 2015.

Dilma cometeu erros e a conta está sendo paga até agora. Mas a recessão se agravou porque a base de apoio de Dilma no Congresso, que é a mesma do governo Temer, não aprovou medidas duras que vota hoje para combater a crise. E o PSDB apostou na política de fazer oposição na base do quanto pior melhor, votando na gestão Dilma contra medidas que apoiava quando estava no poder.

Ou seja, o PT é o principal responsável, mas o boicote dos adversários piorou o que já seria ruim.

A maioria dos analistas diz que o Brasil já chegou ao fundo do poço e está saindo bem devagar dele. De acordo com o IBGE, o resultado econômico de 2016 é um retrocesso ao Produto Interno Bruto de 2010. Na prática, são seis anos perdidos.

Agora, já há pequenos sinais de melhora em setores da indústria, do comércio e de serviços. O agronegócio deverá ter um bom ano em 2017. No entanto, a Lava Jato continua a gerar turbulências políticas, o que produz incertezas na economia.

Logo, a recuperação deverá ser lenta e dependerá da força do governo para aprovar reformas que melhorem as expectativas dos agentes econômicos.

Assista aos temas do “SBT Brasil”:

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