Censura em Cuba: a ditadura interrompeu um show musical por uma música crítica

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periodistadigital

O pessoal de segurança da Casa da Música de Galeano, estatal, encerrou abruptamente o show do cantor Emilio Frías, que estava prestes a apresentar sua nova música “Cambio”. "Não me chame mais, e me tire de todos os lugares (...) Onde eles não vão conseguir me tirar é do coração de todos os cubanos", recriminou o artista, momentos antes de o público ser despejado

O momento em que a ditadura cubana censura e interrompe um show do cantor Emilio Frías em Havana

Um novo episódio de censura ocorreu neste fim de semana em Cuba . Um concerto em Havana do popular cantor cubano Emilio Frías , diretor da orquestra El Niño y la Verdad, foi abruptamente interrompido na noite de sábado por seguranças do regime.

O espetáculo, que decorreu na estatal Casa de la Música de Galeano , no Centro Habana , estava prestes a terminar quando um segurança repreendeu o técnico de áudio da apresentação, segundo diferentes versões. Isso também pode ser visto em vídeos do evento que começaram a circular nas redes sociais na madrugada deste domingo.

“Talvez eu possa estar errado, mas meu erro é meu. Não estou dizendo que, como eu penso, muitas pessoas pensam. Eu não falei nada, eles juntaram tudo aqui... E se eles vão ficar assim, não me convidem mais. Não me ligue mais, e me tire de todos os lugares. Tire-me da televisão, tire-me do rádio... Onde eles não conseguirão me tirar é do coração de todos os cubanos. Onde quer que eu esteja, estarei nos corações e mentes de todos os cubanos. Só tenho a dizer: que a benção de Yemaya chegue sempre a todos vocês!” disse o cantor como introdução ao tema final do show.

Foi quando os organizadores tentaram encerrar o show.

“Se você vai fazer isso, eu vou embora, mas deixe as pessoas verem você desligando. Não posso me despedir das pessoas?” Frias repreendeu o segurança que estava pressionando os técnicos para desligar a amplificação do som.

Imediatamente depois, e em sinal de protesto, o artista começou a música e, em meio aos aplausos da platéia, disse ao agente do regime: "Derrube se quiser, derrube se quiser agora".

O técnico foi expulso do palco apesar do protesto de Frías -que havia sido convidado em várias ocasiões para festivais e concertos oficiais- e dos assistentes. O concerto culminou pouco depois com o despejo do resto dos espectadores.

Ao final do show, Frías ia apresentar um novo single chamado "Cambio" , que faz alusão à necessidade do país de acabar com seis décadas de ditadura.

Foi nesse momento, segundo o jornalista independente Manuel de la Cruz, que os seguranças lhe pediram para parar, o que levou Frías a reclamar no palco.

"Um dia tudo será diferente, um dia os meus alunos, ainda jovens mas exaustos de tanto sofrimento, verão a luz da esperança", escreveu a cantora este domingo no Facebook, aludindo ao que aconteceu ontem.

Nessa mesma rede social, o grupo anunciou no dia 6 de setembro a próxima estreia de Cambio, marcada para esta sexta-feira, 16.

O material promocional mostra imagens de uma idosa extremamente magra com uma bandeira cubana desbotada.

Na última sexta-feira, Frías havia anunciado em sua conta no Facebook que o show na Casa da Música de Galeano foi "uma grande despedida", antes de partir para o México. No vídeo, ele também se referiu ao lançamento de “Cambio”: “É uma música com a qual, tenho certeza, muitos irmãos, muitos compatriotas, muitos cubanos vão se identificar, estejam eles na ilha ou não, porque a palavra mudança é hoje muito necessária".

Com informações da EFE