30 de jan. de 2023

Líder de invasão do MST a fazenda de amigo de Temer ganha cargo no governo

Kelli Mafort esteve em ato dos sem-terra que terminou com pichação, furto de equipamentos e até morte de bois

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macedo, e Kelli Mafort, dirigente do MST

MATHEUS COSTA/ASCOM/SG - 11.1.2023

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou para o governo do petista uma coordenadora da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que participou da invasão de uma fazenda em Duartina (SP), em 2016, que pertencia ao ex-coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, amigo do ex-presidente Michel Temer.

Nesta semana, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, nomeou Kelli Mafort para ficar à frente da Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Presidência da República. O órgão foi criado neste ano, e uma das atribuições é fomentar e articular mesas de diálogo de segmentos da sociedade civil e movimentos sociais com órgãos governamentais.

Na invasão ocorrida em 2016, Kelli liderou cerca de mil famílias do MST. Elas escolheram a fazenda de Lima Filho para "denunciar as conspirações golpistas de Temer, muitas vezes articuladas de dentro da propriedade".

O caso foi investigado pela Polícia Civil posteriormente. Segundo a corporação, os sem-terra furtaram motosserras, ferramentas e câmeras de vigilância. Além disso, os invasores danificaram um trator, outros veículos da fazenda, cercas e benfeitorias.

A Polícia Civil constatou, ainda, que alguns animais da fazenda foram sacrificados pelos integrantes do MST, pois os investigadores encontraram carcaças de boi na propriedade. Os animais teriam sido abatidos para que os invasores se alimentassem.

À época da invasão, Kelli disse que "a ocupação dessa fazenda é para denunciar a intervenção do agronegócio na articulação do golpe". "Estamos aqui para denunciar as ligações escusas de Michel Temer com o proprietário da fazenda e sua empresa de fachada para arregimentar propina."

O R7 pediu ao governo federal uma manifestação sobre o ato liderado por Kelli, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

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