14 de mai. de 2024

As chuvas de cada ano e a miscelânea que ajuda na alimentação do monstro

O H225M das 3 forças fazendo um exercício no NAM Atlântico em 2021

Por Reginaldo Palazzo – Não tenho déficit de caráter pra dizer que as FFAA não estão atuando no sul. Muitos estão sendo incansáveis, usando materiais que não foram vocacionados para os fins, mas há falhas notórias e tem que se criticar sim, para que de uma vez por todas não se repitam os mesmos erros de todos os anos.

Vou me ater a dois tópicos sobre defesa, que na minha opinião exemplifica de maneira clara o que acontece dentre outros tópicos a que as FFAA se deixaram envolver.

Mas antes você tem que partir do princípio (tente pelo menos imaginar) que podia ser sua mãe necessitando de resgate ou ajuda urgente.

Esses [tópicos] são interligados, o da Avibras, por exemplo, é mais singular.

Um foi a letargia da Marinha no caso do NAM Navio Aeródromo Multipropósito – Atlântico que já falei (aqui), e a alimentação do monstro que você vai entender mais pra frente.

Antes é preciso explicar uma miscelânea causada pelas Forças Armadas.

O governo brasileiro lançou há uns anos atrás, mais precisamente 2008 quando foi assinado o contrato do programa HX-BR. O programa previa o desenvolvimento e a produção de 50 helicópteros de médio porte, de emprego geral para uso das 3 Forças Armadas. 

São esses que estão na foto inicial da matéria.

Isso em um consórcio formado pelas empresas Airbus Helicopters e a Helibras em Itajubá. O contrato também garantia a transferência e a absorção de tecnologia, o tal do ToT, que é outro assunto que “rende”.

Esses helicópteros são os H-225M (M de militar) e cada Força deu uma designação diferente pra ele.

Foram 16 pra cada força. Sendo que a FAB receberia 18 porque 02 foram para o inventário da FAB, mas para servir à presidência da Ré-Pública.


Miscelânea I

Pra que simplificar se a gente pode complicar? deve ser o lema de alguém.

O início da miscelânea deu-se com a designação desses helicópteros para as Forças Armadas:


FAB - H-36 Caracal

Marinha - UH-15 Super Cougar

Exército - HM-4 Jaguar


Deve ser também para “confundir” o inimigo.

(Contém ironia).


Miscelânea II

Depois, nos finalmente desse contrato, inventaram o programa TH-X, que é baseado em uma alteração contratual do programa HX-BR.

FAB e MB abriram mão de uma unidade cada do H225M, que serão trocados pelos H125 Esquilo.

Com a agravante da Marinha cancelar como alguns sites especializados disseram, como sendo uma unidade do ‘H-225M Naval’ que seria o 5º e, portanto, a versão mais cara e complexa do programa que eu entendi como sendo a variante AH-15B, o que lança o Exocet.

Ficando a Marinha para receber 15 helicópteros Esquilo, enquanto a FAB deverá receber 12.

O caso do EB foi peculiar. Optou por não receber nenhuma unidade, mas sim, uma ampliação do contrato de suporte logístico junto ao consórcio. O EB decidiu dessa forma por ter modernizado sua frota de helicópteros HA-1 Esquilo/Fennec AvEx.


No "no frigir dos ovos"

As Forças Armadas com isso continuam alimentando o monstro que as engessa.

Não tinham nada que mudar o contrato, no “frigir dos ovos” perderam cada uma, uma unidade.

Se há deficiência de helicópteros de porte pequeno para treinamento ou uso geral, que se faça um programa especial pra eles e ponto final.

Enquanto o Estado brasileiro e o povo não entender que Defesa & Segurança é de suma importância e não uma ação de governo, com puro assistencialismo, vai continuar essa mesmice, esse atraso.

Defesa não dá voto, mas, observem a entrega de sacolões após a vazante. Ali vai estar um monte de políticos aproveitadores que você votou.


Fogo e água

Isso é um problema do brasileiro, só pensam no hoje. 

Nunca lembram do passado, o que foi feito para prevenir acidentes com o que aconteceu na boate Kiss no mesmo Rio Grande do Sul? Estou falando a nível nacional e não somente estadual.

Não foi feito absolutamente nada, igual ao caso do Bateau Mouche IV, assim como continuam barcos superlotados navegando pelos rios da Amazônia.

Todo ano é a mesma coisa e já deveria haver um plano de emergência ou de contingência para esse NAM Atlântico, se tem, me mostrem. 

Foristas em sites especializados em defesa “passando pano” pra essa vergonhosa letargia da marinha.

Uns retrucando quem entendeu como uma letargia da Marinha dizendo:

“Vc sabe o que o Atlântico está fazendo antes e com o que ele estava carregado?” [SIC]

Então diz ué!

O outro diz:

“Não tem dinheiro, o dinheiro tem que vir de outros ministérios”.

Tem sim, pesquise S2ID. 

E depois enviaram (rapidamente) produtos para outros países, (quando querem fazem rápido), enquanto aqui caminhões com donativos foram multados.

O problema é a falta de agilidade, do porque isso eu não sei, mas tenho uma suspeita.

Quem está em cima de um telhado na chuva e no sol, ou sendo arrastado pelas águas não quer saber o que o navio estava fazendo, quer saber quando ele chega pra sair dali com seus helicópteros. Navio esse que inclusive tem um hospital a bordo.

As outras coisas enviassem por outros meios.

Era para parar imediatamente o que estava fazendo, (já que não tem um plano de emergência) e tomar a proa do Rio Grande do Sul. 

Em caso de vida ou morte de brasileiros quem tem a experiência é a defesa civil, portanto quem tem que coordenar é ela para se salvar o máximo de vidas que ainda podem.

Todo mundo sabe a época das chuvas, mas ficam todos literalmente a não ver navios.


Reflexão

A “coisa” parece que é proposital, beirando um grande fingimento.

O Estado finge que apoia a Defesa, dá uns equipamentos momentâneos pra suprir o que estava faltando, pra se arrastarem por mais umas décadas, e os que não levam isso a sério esquecem que tem que planejar.


Fake news

Teve fake news, sim teve, mas teve também muita verdade em vídeos publicados nas redes sociais com tremenda bizonhice escancarada.

Todo ano o Acre e outros Estados alagam, só não tem a visibilidade de outros Estados.

Isso que aconteceu no sul é a prova cabal que continuamos enxugando gelo, ou melhor remando contra a maré.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.