Por Revista Oeste
O prejuízo de R$ 2,6 bilhões da Petrobras no segundo trimestre foi classificado pela empresa como um resultado “associado a itens não recorrentes”. Entre eles, os efeitos da intensa variação cambial e o acordo fechado com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o tribunal de recursos para punições aplicadas pela Receita Federal.
Ambos os motivos remetem a ações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a empresa. É o que afirma o jornal O Estado de S.Paulo, em seu editorial deste domingo, 11.
A desvalorização do real, que, entre abril e junho, bateu nos 11,2%, seria suficiente para justificar o aumento de preços nos combustíveis. “Mas, sob a amarra do governo contra o impopular aumento, a Petrobras esticou o prazo o quanto pôde e somente em julho entregou os pontos e reajustou a gasolina e o gás de cozinha”, diz o jornal.
Desde que decidiu deixar de seguir a paridade com os preços internacionais, obedecendo a uma ordem de Lula para “abrasileirar” o preço dos combustíveis, a política de preços da Petrobras ficou menos previsível e coerente, avalia o Estadão.
Se antes era difícil presumir o espaço de tempo fixado pela empresa para seguir os novos valores do petróleo e derivados no mercado internacional, a decisão passou a ser “totalmente arbitrária”.
“A variação do câmbio, porém, traz custos impossíveis de serem ignorados, a não ser no universo lulopetista, que vive a ilusão do país autossuficiente, que desdenha do cenário externo”, afirma a publicação. “O resultado está aí, com o ‘abrasileiramento’ de um balanço que desde 2020 não registrava prejuízo.”
Acordo da Petrobras no Carf foi elogiada por Haddad
No acordo no Carf, a empresa atendeu aos apelos do governo para ajudar a melhorar as contas públicas no ano. E foi chamada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de “exemplo a ser seguido”.
Quando a companhia fechou o acordo, em junho, a Receita havia informado que não havia registrado a adesão de nenhum contribuinte ao programa, uma das principais apostas de aumento de arrecadação para este ano. “Mas a Petrobras fez a sua parte, mesmo à custa de passar o balanço de azul para vermelho”, diz o Estadão.
Para acalmar o mercado, a estatal anunciou – sob protestos da Federação Única dos Petroleiros (FUP) – a distribuição de dividendos, usando parte da reserva formada com os dividendos extraordinários do ano passado, que o governo reteve.
“A relação da estatal com seus investidores privados nunca esteve tão esgarçada, o que prejudica sobremaneira a empresa”, conclui o texto.
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