Francisco Dandão - A vinda ao mundo do cidadão Francisco Reis da Silva Leite, filho do senhor Luís Alves Leite e da senhora Francisca Alves Leite (ambos já falecidos), deu-se em 17 de dezembro de 1971, nos ermos do seringal Novo Andirá, de propriedade da família do então governador do Acre, professor Francisco Wanderley Dantas. No meio da floresta nascia uma estrela!
Por obra e graça da irmã caçula Arlete, aquele que nasceu “Reis” se transformou em “Deise”. E assim, anos mais tarde, já em Rio Branco, para onde a família se mudou em 1978, ninguém mais o conheceria pelo nome de batismo. Desde as primeiras peladas de rua, passando pelas camisas de times organizados, até as lides radiofônicas, ele passou a ser o Deise Leite.
O primeiro time do Deise Leite, que desde sempre escolheu o gol para exibir a sua arte, em 1983, chamava-se América, organizado pelo também jogador Maguila. Depois ele passou para o Náuas, do desportista Renato Mota. Um dia, em 1985, o Náuas foi convidado para um jogo amistoso contra o infantil do Rio Branco. Goleada do Náuas no Estrelão.
O desempenho do Náuas foi tão bom que o treinador do Rio Branco, Illimani Suares, levou todos os jogadores do visitante para a sua equipe. Deise ficou no Estrelão até 1989, jogando nas categorias infantil, juvenil e juniores. Mas aí resolveu largar o futebol de campo, por duas razões: o serviço militar e o entendimento de que era baixo para ser goleiro profissional.
O futsal e a narração esportiva
Um ano depois de largar o futebol de campo foi defender as cores do time de futsal do Piauí, por indicação do dirigente Auzemir Martins. As boas atuações no esporte de quadra o fizeram ser um dos goleiros mais requisitados da sua época. Tanto que ele defendeu ainda as cores do Volta Redonda e da Gráfica Estrela nos campeonatos locais, com salário e tudo.
A carreira como narrador esportivo surgiu a partir de um convite feito pelo já radialista Raimundo Fernandes. “Eu gostava de imitar as narrações de futebol, tanto em casa quanto antes das partidas de futsal, no vestiário. Um dia, o Fernandes viu, achou que eu levava jeito pra coisa e me chamou pra fazer um teste na Difusora Acreana”, explicou Deise.
Do primeiro teste fizeram parte outros três candidatos a narradores: Antônio Muniz, Evandro Cordeiro e outro que Deise Leite disse fazer questão de não citar, por ser, segundo ele, alguém desprovido de qualquer traço de caráter. “No final das contas só eu é que fui aprovado pelo diretor Eurico Filho”, afirmou ele, feliz da vida com os seus “olhos cor de mel” [bordão que usa para se auto-apresentar].
Esse ingresso na Rádio Difusora Acreana deu-se em 1996. Depois, entre 1997 e 1999, Deise Leite integrou, sucessivamente, as equipes de esportes da Rádio Capital e da Rádio Alvorada. Em 2000, voltou para a casa de origem, onde permanece até hoje. “Mas eu não fui ser narrador logo não. Tive que treinar muito com um gravador”, garantiu Deise.
Seleção universitária, alegria e decepção
Em 1997, quando cursava História na Universidade Federal do Acre (ele é formado em História e Jornalismo), Deise Leite foi integrado à seleção universitária acreana de futsal que disputaria os Jogos Universitários Brasileiros, em Belo Horizonte. Pegou tanto que foi convocado para a seleção brasileira que jogaria a Universíade, em Madri.
E mais: além de jogar a Universíade, na volta ficaria em São Paulo, com uma bolsa de estudos, onde deveria terminar a sua graduação e, simultaneamente, jogar na equipe da faculdade. Deise ainda chegou a viajar para Brasília, onde treinou por 15 dias na equipe brasileira. A saudade de casa, porém, falou mais alto e ele voltou, mandando tudo para o alto.
No tocante a alegrias e decepções nesses anos de narração esportiva, Deise Leite é incisivo. “A minha maior alegria foi narrar uma vitória do Rio Branco sobre o Rio Negro, em Manaus, por 4 a 3, depois de o Estrelão estar perdendo por 3 a 0. Quanto à decepção, a maior foi quando o Rio Branco empatou em casa contra o ABC e deixou de subir para a série B”.
Outro motivo de júbilo do narrador é já ter narrado jogos em quase todos os estados brasileiros, bem como em estádios lendários como o Maracanã, o Arruda, o Mané Garrincha, o Mangueirão e o Castelão. “Só não fui ainda ao Piauí”, disse ele. E quanto à aposentadoria dos microfones, ele garantiu que isso só vai acontecer no dia em que voz falhar!
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