22 de dez. de 2014

MANIFESTO DO SINDIPETRO-NF SOBRE A CRISE NA PETROBRÁS


O Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) mantém desde as primeiras denúncias recentes sobre corrupção na Petrobrás a posição clara, externada por meio de editoriais em seu veículo de comunicação oficial, o boletim Nascente, de que todos os casos devem ser rigorosamente investigados e todos os gestores, empresários e políticos comprovadamente envolvidos devem ser exemplarmente punidos. Agora, por meio deste manifesto público, a entidade vem ampliar e consolidar as suas considerações sobre este momento difícil enfrentado pela companhia e pelo país.

O sindicato chama a atenção para três aspectos principais:

 1 -  É urgente defender os interesses maiores do Brasil

Os interesses geopolíticos que envolvem o Setor Petróleo não comportam a ingenuidade de acreditar que as investigações, ainda que necessárias e produtivas, não serão utilizadas para causar danos a interesses nacionais em relação à Petrobrás. Nos últimos anos, o Brasil enfrentou cenários de crises internacionais, promoveu inclusão social histórica e avançou vários patamares no combate a desigualdades, tendo como norte uma política econômica de valorização da produção local, fortalecimento da Petrobrás e do setor naval e ampliação dos investimentos públicos. Esta agenda contraria os setores conservadores e neoliberais, advogados do Estado Mínimo e dos interesses do "mercado". Por meio da mídia tradicional, estes mesmos setores, derrotados nas últimas eleições, buscam agora criar um clima de instabilidade política que justifique um recuo da presença pública na economia, coerente com a velha tese de que "o que é privado é bom e o que é estatal é ruim". Multinacionais do Setor Petróleo estão ávidas pela oportunidade de saquear as riquezas do Brasil, realidade que os nacionalistas brasileiros enfrentam desde a criação da Petrobrás e que se agrava a cada momento em que são provocados abalos na companhia. Mais uma vez, portanto, o povo brasileiro é chamado a defender o Brasil.


2 - É urgente defender a Petrobrás e os petroleiros

A Petrobrás é orgulho dos brasileiros, gera 85 mil empregos diretos e aproximadamente 340 mil indiretos, e alimenta uma cadeia produtiva que é estratégica para o Brasil. De acordo com o Dieese, o setor de óleo e gás ampliou a sua presença no PIB brasileiro de 3%, em 2000, para 13% em 2014. Somente a Petrobrás investiu neste ano, em média, R$ 383 milhões diários em compras de equipamentos e em obras. Em nada interessa ao País que a crise decorrente de comportamentos desonestos de alguns dos seus gestores provoque um enfraquecimento desta companhia. A Petrobrás não é corrupta. A Petrobrás é vítima de corruptos e de corruptores. E os petroleiros estão entre os maiores interessados na apuração completa, em todas as suas consequencias, dos casos denunciados. O atual cenário mostra-se até mesmo promissor como oportunidade para desenvolver mecanismos que aprimorem os controles sociais sobre a empresa. A Petrobrás é maior do que seus gestores, do que os gestores de suas contratadas e do que os interesses das empresas privadas do Setor Petróleo. E os petroleiros têm um histórico de serviços prestados à empresa e ao país que não admite qualquer generalização em relação à conduta ilibada da categoria. Não é aceitável que a opinião pública, induzida pelo noticiário, passe a acreditar que todo corpo de funcionários da empresa seria formado por saqueadores do patrimônio da empresa. Neste sentido, o Sindipetro-NF enaltece, valoriza e se solidariza em relação a todos os petroleiros brasileiros, que de nenhuma forma podem ser confundidos com os malfeitores da companhia.

 3 - É urgente defender o Pré-sal

Os ataques sofridos pela Petrobrás neste momento têm relação direta com o potencial do Pré-sal. E esta relação foi explicitada, entre outros locais, por editorial recente do jornal  "O Globo", um dos porta-vozes dos interesses estrangeiros no Brasil. De modo claro, este veículo de comunicação defendeu, em texto publicado no último dia 16, a entrega do Pré-sal às multinacionais do petróleo, como Shell, BP, Exxon e Chevron. O Sindipetro-NF, assim como a Federação Única dos Petroleiros e demais sindicatos filiados, sempre defendeu a utilização do Pré-sal para promover justiça social e desenvolver a indústria nacional. Embora o modelo adotado pelo governo não tenha atendido a todas as propostas feitas pelas entidades sindicais, contribuiu para garantir a soberania nacional em relação a esta produção, por meio do sistema de partilha e da criação da Petrosal. É preciso, portanto, enfrentar com vigor qualquer intenção entreguista que queira se aproveitar deste momento delicado pelo qual passa a Petrobrás.

 Desse modo, o Sindipetro-NF chama a sociedade a se manter vigilante em relação às tentativas de manipulação presentes nos conteúdos da mídia sobre a atual crise da Petrobrás. Diante de qualquer abordagem da imprensa, o sindicato estimula que o trabalhador repudie todo ato de corrupção ativa e passiva, ao mesmo tempo em que questione sobre os reais interesses envolvidos neste setor estratégico para o País.

Pelo país, pela Petrobrás e pelo Pré-sal, estejamos todos mobilizados e atentos. O Brasil pode e deve sair mais fortalecido dessa crise.  


Campos dos Goytacazes, 18 de dezembro de 2014

Diretoria Colegiada do Sindipetro-NF

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