8 de abr. de 2016

EMPRESA JAPONESA LEVA 25 ANOS PARA ELEVAR O PREÇO DE PICOLÉ - E PEDE DESCULPAS


Reajuste, equivalente a 35 centavos de real, deve-se ao aumento dos custos, segundo a fabricante; ao contrário do Brasil, o Japão luta para aumentar sua inflação


Cena do vídeo gravado pela Akagi Nyugyo, empresa japonesa que pediu desculpas por aumentar o preço de um picolé em valor equivalente a 35 centavos de real

Cena do vídeo gravado pela Akagi Nyugyo, empresa japonesa que pediu desculpas por aumentar o preço de um picolé em valor equivalente a 35 centavos de real(Reprodução/VEJA)

Uma fabricante japonesa de sorvetes levou 25 anos para aumentar o preço de um de seus produtos de maior sucesso - e, quando fez isso, pediu desculpas. Em março, a Akagi Nyugyo anunciou aos seus clientes que o preço do Garigari-kun passaria de 60 para 70 ienes, ou o equivalente a um reajuste de 35 centavos de real: de 2,02 reais para 2,37 reais.

No vídeo do anúncio, um time de funcionários da Akagi aparece enfileirado diante do prédio da companhia, com olhar fixo na câmera. Ouve-se apenas uma canção de voz e violão como trilha sonora, enquanto a câmera se afasta. Por fim, lê-se a mensagem "nós seguramos 25 anos, mas... 60-70", em referência à mudança de valor do Garigari-kun.

O último aumento de preço do produto havia ocorrido em 1991, dez anos depois de seu lançamento. O picolé da Akagi é muito popular no Japão, facilmente encontrado em lojas de conveniência e consumido especialmente por crianças em idade escolar, que costumam comprá-lo logo depois de encerradas as aulas do dia. A empresa creditou o reajuste ao aumento de custos.

Se o motivo para a mudança de preço foi mesmo esse, a economia japonesa tem que comemorar. Ao contrário do que ocorre em países como o Brasil, no Japão o problema não é o aumento da inflação, mas o fato de ela não subir de jeito algum. Os japoneses têm uma forte cultura de poupar dinheiro, mas não têm usado o dinheiro guardado. O consumo estagnado tem na inflação próxima de zero um de seus termômetros.

Neste ano, o Banco do Japão, banco central do país, anunciou uma medida extrema para tentar dar um empurrão no consumo: a adoção de "juros negativos". Até o momento, foi mais um movimento frustrado. A Akagi Nyugyo pode até ter pedido desculpas pelo aumento, mas, diante desse quadro, o restante do país deveria agradecê-la.

Assista ao vídeo:

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