18 de abr. de 2016

JEAN WILLYS ADMITE QUE CUSPIU 'NA CARA' DE BOLSONARO


Deputado diz que repetiria o gesto ‘quantas vezes’ fossem necessárias
 
O deputado Jean Wyllys: voto contra o impeachment e cuspe em Jair Bolsonaro - Jorge William / Agência O Globo

VINICIUS SASSINE - O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) admitiu em entrevista à imprensa, no Salão Verde da Câmara, que cuspiu "na cara" do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e que repetiria o gesto "quantas vezes" fossem necessárias. O episódio ocorreu logo após Wyllys votar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

— Nós estamos numa votação. Eu tenho direito político de fazer o voto que eu quero. Durante toda a votação eu não intervi no voto de ninguém. Não fui lá insultar ninguém. E, na hora que fui votar, esse canalha veio me insultar na saída e tentar agarrar meu braço, ele ou alguém que estivesse perto dele. Quando vi o insulto, devolvi cuspindo na cara dele, que é o que ele merece — disse o deputado, um dos principais oponentes de Bolsonaro na Câmara.


O parlamentar do PSOL afirmou que não se arrepende do gesto de ter cuspido em seu oponente:

— De jeito nenhum, eu cuspiria na cara dele quantas vezes eu quisesse, quantas vezes me desse vontade.

Wyllys também disse não temer um processo no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. A fala dele à imprensa durou menos de um minuto.

— Não temo enfrentar processo não. Processo tem de enfrentar quem é racista, quem é machista, quem provoca a violência, quem defende a memória de Brilhante Ustra (Bolsonaro fez essa defesa em seu voto a favor do impeachment), um torturador, quem defende a tortura neste país. Isso deveria escandalizar vocês, não um cuspe na cara de um canalha — afirmou o deputado.

Em uma postagem no Facebook, Jean Wyllis disse que foi insultado por Bolsonaro:

"Depois de anunciar o meu voto NÃO ao golpe de estado de Cunha, Temer e a oposição de direita, o deputado fascista viúva da ditadura me insultou, gritando 'veado', 'queima-rosca', 'boiola' e outras ofensas homofóbicas e tentou agarrar meu braço violentamente na saída. Eu reagi cuspindo no fascista. Não vou negar e nem me envergonhar disso. É o mínimo que merece um deputado que "dedica" seu voto a favor do golpe ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI do II Exército durante a ditadura militar. Não vou me calar e nem vou permitir que esse canalha fascista, machista, homofóbico e golpista me agrida ou me ameace. Ele cospe diariamente nos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Ele cospe diariamente na democracia. Ele usa a violência física contra seus colegas na Câmara, chamou uma deputada de vagabunda e ameaçou com estuprá-la. Ele cospe o tempo todo nos direitos humanos, na liberdade e na dignidade de milhões de pessoas. Eu não saí do armário para o orgulho para ficar queto ou com medo desse canalha", escreveu o deputado.

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