Nicolás Maduro: parlamentar disse que deixou o Brasil ciente dos "mecanismos constitucionais" que serão usados para derrubar Maduro - REUTERS/Carlos Garcia RawlinsDa EFE
A oposição da Venezuela afirmou nesta segunda-feira que comunicou oficialmente ao Executivo e ao Legislativo do Brasil, assim como a autoridades eleitorais, judiciais e empresariais, sua decisão "de pôr fim em breve" ao governo do presidente Nicolás Maduro.
Devido à "importância do Brasil na geopolítica da América Latina" e sua "grande influência sobre o resto" das nações, o parlamento da Venezuela, agora sob controle da oposição, decidiu que sua primeira viagem internacional fosse a esse país e assim aconteceu na semana passada, disse em entrevista coletiva o deputado Luis Florido.
O presidente da comissão parlamentar das Relações Exteriores disse que deixou os poderes brasileiros cientes dos "mecanismos constitucionais que serão ativados nos próximos dias para substituir de forma pacífica, constitucional e popular o governo de Maduro".
Franqueado pelo vice-presidente do Legislativo, Simón Calzadilla, e o deputado William Dávila, que também visitaram o Brasil, Florido deu especial importância ao fato de que os membros da delegação venezuelana foram recebidos pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira.
"Foi um fato histórico porque mudou o que vinha sendo a política (governamental) do Brasil, de se esquivar da oposição venezuelana", ressaltou Florido sobre sua reunião com Vieira em Brasília.
Segundo ele, se tratou da "primeira reunião de representantes da MUD (a aliança partidária opositora venezuelana) com um representante do mais alto nível do governo brasileiro".
Além de informar-lhe da decisão da MUD de antecipar o fim da gestão de Maduro, "pudemos falar da grave crise humanitária que existe na Venezuela, dos presos políticos e também dos exilados", relatou.
"Ter sido recebido pelo chanceler joga por terra toda essa argumentação que vieram desenvolvendo os setores governistas de que a oposição está conspirando (...); isso é mentira, caso contrário, não teríamos sido recebidos", destacou Dávila.
O mesmo aconteceu nas reuniões com autoridades legislativas brasileiras, tanto da Câmara dos Deputados como do Senado, e em outras com autoridades eleitorais e judiciais, segundo Florido.
Dávila e Florido detalharam a esse respeito que solicitaram a investigação de acordos entre o governo de Maduro e empresas brasileiras como JBS, Hypermarcas e Odebrecht.
"A Odebrecht tem contratações que passam dos US$ 20 bilhões na Venezuela", enquanto a JBS, que atende 50% do consumo venezuelano de carne, "assinou contratos no valor de US$ 2,1 bilhões em 2015 e de 1,5 bilhão em 2014", ressaltou Dávila.
Sobre a Hypermarcas, que negou que exista algum tipo de contrato com o governo da Venezuela, Dávila assegurou que o deputado governista Diosdado Cabello, presidente do parlamento venezuelano até o ano passado, informou publicamente que negociava com o conglomerado a compra e venda de remédios.
Foram selados "compromissos de cooperação e troca de informação com o Tribunal de Contas do Brasil para investigar as irregularidades" com as três empresas brasileiras, garantiu Florido.
Também assegurou que o Legislativo brasileiro emitirá esta semana "uma resolução" que "se solidariza" com a lei de anistia que os legisladores venezuelanos se preparam para sancionar a favor dos opositores presos.
Essa resolução, destacou, também incluirá uma solicitação à presidente Dilma Rousseff para que "ative" instrumentos do Mercosul frente a "desconhecimentos" de Maduro em relação a decisões parlamentares, o que "atenta contra a democracia".
Na cidade de São Paulo os parlamentares tiveram reuniões com as autoridades da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que adquiriram "o compromisso", segundo os opositores, de doar remédios à Venezuela.
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