5 de abr. de 2016

DNIT ADMITE QUE BR-364 ESTÁ FORA DE CONTROLE; RECONSTRUÇÃO EXIGE R$ 1,3 BILHÃO E LEVARIA 4 ANOS


Um primeiro estudo envolve a restauração da rodovia, ao custo estimado de R$ 300 milhões
  Governo teria que gastar R$ 1,3 bilhão para reconstruir BR-364/Foto: Assem Neto/ContilNet

ASSEM NETO - O Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) admitiu que a gestão sobre a BR-364, no trecho entre Sena Madureirae Cruzeiro do Sul, está fora de controle. A informação foi confirmada pelo ex-supervisor do órgão no Acre, Tiago Caetano, destacado para uma missão espinhosa: cuidar do um planejamento capaz de tornar a rodovia trafegável.

Um primeiro estudo envolve a restauração da rodovia, ao custo estimado de R$ 300 milhões. A previsão é que essa etapa seja licitada até o final de 2016. “Estamos num esforço excepcional para evitar o isolamento total do Vale do Juruá”, diz João Bosco, chefe do escritório do Dnit no Acre. A licitação para os chamados “paliativos” ainda não começaram.

Um estudo paralelo ainda maior está em andamento para a execução de um projeto mais demorado. É preciso reconstruir a estrada por completo. A reconstrução da BR-364, segundo planeja o Dnit, deve ter um custo superior a R$ 1 bilhão, e só ficaria pronta num prazo mínimo de três anos. Uma concorrência pública indicará os consórcios de empreiteiras que executariam os serviços.

O engenheiro Sérgio Augusto Mammany, superintendente do Dnit para Acre e Rondônia, não quis responder questionamentos de ContilNet sobre as denúncias de superfaturamento na obra executadas por empreiteiras contratados pelo governo do Acre desde a gestão Jorge Viana (1999-2006).

A reportagem insistiu em saber quais os motivos que levaram a rodovia a uma situação clamorosa. O gestor do órgão esquivou-se, ainda, ao ser perguntado sobre as irregularidades atestadas em inspeções técnicas da Controladoria Geral da União (CGU), que causaram muito desgaste à gestão do governador Tião Viana após repercutirem na Assembleia Legislativa e em setores da imprensa local.

Segundo a CGU, houve desvio de 40% do valor total contratado. Além disso, o governo pagou pela espessura de cinco centímetros de asfalto, mas, na verdade, as empresas entregaram os serviços com uma camada de três centímetros -exatamente nos trechos que, atualmente, estão praticamente intrafegáveis.

O deputado Daniel Zen (PT), líder do governo na Aleac, condenou o que chamou de “tentativa de politizar o relatório da CGU”. Para ele, as inspeções deviam ser analisadas sob o ponto de vista técnico.

Trechos da BR estão intrafegáveis

Confira abaixo a entrevista com Tiago Caetano:

ContilNet – Quando o senhor percorreu a rodovia pela última vez?

Tiago Caetano – No início do mês passado. Infelizmente, a rodovia está quase incontrolável. Em menos de 30 dias, os piores trechos, entre Feijó e Matupira, ficaram quase apartados. O problema se agrava com o passar dos dias. Com muita luta a gente está tentando não fechar a estrada

Com esse volume de recursos para restauração, o senhor acredita que vai ser possível licitar obras até dezembro de 2016?

Não sei. Sinceramente, não sei

O dinheiro?

Nós estamos em contato direto com os órgãos de controle. O que pode inviabilizar tudo é exatamente a questão orçamentária. O Ministério dos Transportes, antes de fazer qualquer repasse, depende de aval do Ministério do Planejamento.

Essa estrada foi anunciada como definitiva, a redenção para integrar de forma permanente o Vale do Juruá ao resto do Acre. O senhor arriscaria um comentário sobre as causas que levaram à falência desse projeto rodoviário?

Perdoe-me. Não gostaria de falar sobre isso. Foge a minha alçada.

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