Negociação de cargos começou antes de a Câmara aprovar abertura do processo de impeachment e serviu de instrumento na caça aos votos
Paulo Silva Pinto/Lula Marques/Agencia PT
Eliseu Padilha é cotado para o núcleo palaciano e pode assumir a Casa Civil em eventual governo Temer
A formação do governo de Michel Temer, com a escolha de nomes para preencher cada um dos cargos ministeriais, já está em curso. E não é de hoje: foi um dos principais instrumentos para garantir o apoio dos deputados federais à admissibilidade do processo de impeachment. “Ele vai buscar a consolidação da maioria no parlamento do mesmo modo que sempre se fez: com nomeações, liberação de emendas ao Orçamento e convênios”, diz Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
As conversas até agora se deram, porém, de modo discreto, evitando o constrangimento dos aliados do provável futuro presidente quando negam que esse tipo de discussão tenha existido até agora. De acordo com vários observadores da Esplanada, Temer deverá reduzir o número de ministérios, mas não na proporção defendida pelos tucanos, por exemplo, que gostariam de ver pouco mais de 15. Será necessária uma dezena a mais, pelo menos, para acomodar todos os interesses. Isso já permitirá, ao menos, a redução em 30% do atual número de pastas.
As discussões não são necessariamente de nomes, mas de cotas para os partidos. O PSB, por exemplo, garantiu duas vagas no primeiro escalão, que deverão ficar com dois ex-parlamentares, o gaúcho Beto Albuquerque e o capixaba Renato Casagrande. O PSD conta com um ministério. E o PTB, também. “Não falamos disso até agora, mas convite, a gente não recusa. Temos muitos bons nomes”, avisa o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do partido, que passou a tarde de ontem no Salão Verde da Câmara.
No núcleo palaciano, Temer vai acomodar os aliados mais próximos. Devem ficar Wellington Moreira Franco e Eliseu Padilha, este na Casa Civil. O senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente do partido, também pertence a esse círculo, mas poderá ser mantido no Senado, por exemplo na liderança do governo, cargo que ocupou nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que o demitiu da função. Jucá deverá ser peça chave na construção da maioria parlamentar.
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