27 de nov. de 2020

Nova análise de sementes misteriosas identifica duas pragas e quatro fungos que não existem no Brasil

Superintendência do Laboratório de Defesa Agropecuária em Goiás concluiu estudos de 36 amostras do montante de 525, recebidas de todo o país.

Sementes vindas da Ásia apresentam altíssimo risco para agricultura brasileira, diz laudo

Sementes misteriosas chegaram ao Brasil por correspondências — Foto: Divulgação/Adaf

Lis Lopes e Rafael Oliveira, G1 GO - Uma nova análise das sementes misteriosas recebidas por brasileiros em compras feitas pela internet identificou duas espécies de pragas e quatro fungos que não existem na agricultura e vegetação brasileira. A informação consta em balanço elaborado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA-GO), referência em sanidade vegetal, divulgado na quarta-feira (25). O órgão concluiu estudos de 36 amostras, do montante de 525 recebidas de todo o país.

As pragas detectadas foram as da espécie myosoton aquaticum e descurainia sophia. A primeira espécie apresenta resistência a pesticidas, o que torna seu controle difícil, segundo o superintendente do LFDA/GO, Arnoldo Daher Junqueira. Ela é considerada daninha nos campos de trigo da China.

A segunda praga, descurainia sophia, é classificada como planta daninha nos Estados Unidos e Canadá, além de planta invasora no México, Japão, Coreia, Chile e Austrália.

O LFDA/GO encontrou os fungos cladosporium; alternaria; fusarium; e bipolaris. Outras amostras continham gêneros que têm espécies quarentenárias ou espécies com potencial quarentenário, como sementes de cuscuta; de brassica; de chenopodium; e de amaranthus.

Arnoldo Daher explica que a praga quarentenária tem grande potencial de causar dano econômico e ambiental ao país, e pode ser fungo, ácaro, bactéria ou vírus.

“Elas podem conter plantas daninhas e plantas invasoras, que causam grande dano econômico, como também podem conter vírus, bactérias e fungos, que causam muitos danos. Temos exemplos de pragas que não existiam na agricultura nacional e que hoje causam muitos danos”, afirma.

O laboratório de defesa agropecuária em Goiás começou a receber as sementes a partir de setembro e, atualmente, todos os estados brasileiros e o Distrito Federal relataram recebimento de amostras pelos Correios.

Segundo Arnoldo, a maioria das sementes analisadas é do tipo “ausente”, o que significa que não existe no país, e vieram de quatro países asiáticos.

“Temos que proteger a agricultura nacional contra essas pragas”, pontua Daher.

Análise anterior encontra sementes de rosas e orquídeas

Um balanço preliminar sobre a análise do Mapa, divulgado em 6 de outubro, encontrou sementes de rosas, orquídeas e até limoeiro.

Os técnicos identificaram naquela época sementes de plantas ornamentais e frutíferas, como suculentas e cerejeiras.

Embora os técnicos agrônomos encontrarem espécies conhecidas, os cientistas também descobriram a presença de ácaros, fungos, bactérias e quatro tipos de ervas daninhas que não existem no brasil.

Fiscalização

Desde o recebimento das primeiras amostras das sementes misteriosas no país, o Ministério da Agricultura intensificou a fiscalização das correspondências que chegam do exterior.

“Antes, a gente conseguia apreender 2 mil amostras por mês, hoje [esse número] já está em 5 mil”, afirma Arnoldo.

A Agrodefesa e o Ministério da Agricultura alertam para os riscos da manipulação desses materiais, como a possibilidade da entrada de pragas ou doenças que não existem ou que já estão erradicadas no país. A orientação é para que as pessoas não abram, não plantem nem joguem fora as sementes.

Sementes ‘misteriosas’ que clientes receberam pela foram analisadas por laboratório federal em Goiás 

Foto: Giovanna Dourado/TV Anhanguera

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