14 de jan. de 2021

Quem ensinou os ingleses a tomar chá?

A. de França Andrade - O “five o’clock tea”, o famoso chá das 5 horas da tarde, é sem dúvida uma instituição britânica, tão tradicional quanto a Torre de Londres, o Big Ben ou a Câmara dos Lordes.

Todo mundo sabe disso. Mas o que muita gente desconhece é como os ingleses aprenderam a tomar chá. Foi uma portuguesa que lhes ensinou essa arte.

Em 1662, o rei Carlos II, da dinastia Stuart, casou com a princesa D. Catarina de Bragança, filha do rei D. João IV, de Portugal. Como dote, D. Catarina levou importantes possessões indianas que foram a base do domínio inglês na Índia. Levou também, como relatam antigas crônicas, uma arca de chá chinês, pois a nova rainha da Inglaterra era aficionada ao consumo de chá, que os portugueses haviam trazido do Oriente na época das Navegações.

Na Inglaterra a bebida era uma novidade praticamente desconhecida, e logo fez sucesso. Já no século XVIII o chá se tinha transformado na bebida nacional, muito mais do que a cerveja ou o gim.

Não foi essa a única contribuição portuguesa para a culinária britânica.

Quando D. Catarina foi para Londres, levou consigo duas damas de honra, D. Maria de Portugal (Condessa de Penalva) e D. Elvira Maria de Vilhena (Condessa de Pontével). Na Corte inglesa, ferrenhamente adepta do anglicanismo, as duas condessas foram muito perseguidas por serem católicas e tiveram que voltar logo a Portugal. A própria D. Catarina, apesar de rainha, também sofreu incontáveis perseguições, chegando a ser acusada formalmente, no Parlamento inglês, por crime de alta traição. Deixou, entretanto, ótima recordação na Inglaterra. Até hoje funciona em Londres um clube fundado por D. Catarina, dedicado à prática esportiva do tiro com arco e flecha.

As duas damas de companhia retornaram a Portugal, mas deixaram em Londres a receita de uns bolos maravilhosos, que tinham aprendido no Convento das religiosas dominicanas de Montemor-o-Novo, na província lusa do Alentejo.

O Conde de Sabugosa, em 1912, no seu livro “Donas de Tempos Idos”, alude ao fato: “As pobres senhoras só deixaram em Inglaterra uma recordação doce: uns bolos, que ainda se vendem em Richmond, chamados ‘maids of honour’, e que a tradição diz serem feitos com a receita trazida pelas damas portuguesas.”

Curiosamente, esses mesmos bolos mais tarde retornariam a Portugal rebatizados como “bolos londrinos”...

* Artigo publicado originalmente na edição de nº 32 de nosso Boletim, “Herdeiros do Porvir”, referente aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2013.

Fonte: Facebook da Pró Monarquia

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