Por Valterlucio Campelo - Embora o Líder do PL, Deputado Sóstenes Cavalcante, mantenha a lista em segredo, consta na imprensa (ver AQUI) que apenas quatro bons deputados acreanos, coerentes e vocacionados para a democracia (Eduardo Veloso, Roberto Duarte e Coronel Ulysses), assinaram o pedido de urgência para que a Câmara dos Deputados vote o PL da anistia aos manifestantes de 08 de janeiro de 2023 na praça dos três poderes. Se considerarmos noticia anterior (AQUI), soma-se o deputado Zezinho Barbary que declarou apoio à anistia. Uma lista divulgada pelo deputado Cabo Gilberto Silva (@cabogilberto) às 22:00 desta quarta-feira confirma os quatro no total de 245 assinaturas pela urgência.
Ainda é pouco. Onde estão os outros quatro, entre eles três mulheres! que não se apiedam de outras mulheres de todas as idades, muitas delas doentes, que estão afastadas de seus filhos, netos e maridos, por causa de um processo malsão desde o início? De boa-fé, deviam ir lá fazer uma visitinha no presídio e ver as condições das presas, antes de continuarem aquele discurso politicamente correto de defensoras das mulheres.
Não sei, ninguém sabe, andam na muda, na moita, esperando sabe-se lá o quê. Talvez, que o processo se precipite para chegar de última hora e ir com a maioria, ou, o que é pior, talvez já estejam amarrados ao governo através de emendas PIX e nomeações nos cabides de emprego que o Lula oferece quando quer comprar votos. Talvez, achem mesmo que aquelas pessoas estavam prontas para darem um golpe de estado e tomar o poder para instaurar a ditadura da artrite e o governo da bengala. Mas, se é assim, deveriam vir a público e defender suas posições, demonstrar sua fidelidade ao Lula, seu progressismo woke, sua esquerdopatia.
Com os discursos que ouvimos recentemente na Câmara dos Deputados, dizendo que a maioria dos que não assinam tem medo de dificuldades nas emendas parlamentares, ou seriam poupados do rigor das apurações que foram iniciadas na última semana, me veio à mente uma inquietação: E se os defensores da anistia tivessem o condão de ofertar emendas parlamentares, melhor dizendo, dinheiro na veia, esses parlamentares reticentes sairiam da toca para defenderem a anistia e se exporem ao eleitorado?
Não duvido de que, para a maioria, este seria um bom motivo para mudar de ideia. Infelizmente, o sistema brasileiro transformou muitos parlamentares em vereadores (nada contra nossos edis) federais que vivem de cercar ministros, pedirem obrinhas na sua base, liberação de emendas e votarem de acordo. Nem fiscalizar o governo eles conseguem, já que estão entranhados na máquina pública federal com seus apadrinhados e favores.
Há mesmo muitos políticos e jornalistas avassalados, que menosprezam o principal papel do parlamentar, palavra que deriva diretamente de “parlamento”. A origem da palavra “parlamento” remonta ao francês antigo “parlement”, que significa “discussão”, “fala” ou “fórum para falar”. Já houve quem entrasse e saísse do mandato sem um discurso sequer, pois, para ele, bastava ter sucesso operando nos bastidores arranjando verbas. Não era um parlamentar, não era um legislador, não era um fiscal, era uma espécie peculiar de vereador no Congresso.
Não se trata, é claro, de negar a importância do papel de articulação de projetos e investimentos nos estados e municípios, ainda mais para um estado pequeno e deficitário como o Acre. Desde que o Congresso, através das emendas, tornou-se uma espécie de co-executor do orçamento, impõe-se ao parlamentar uma ação permanente e profícua no sentido de que a parte que lhe cabe seja regularmente liberada e bem executada. De qualquer forma, como todos tem nas emendas individuais o mesmo valor e elas são impositivas, no final das contas as coisas ficam mais ou menos equalizadas.
O que se faz notar, entretanto, é que alguns deles fazem exclusivamente isso, não dão a mínima para as funções mais nobres do parlamento, a fala sobre os grandes temas nacionais, a propositura/aprovação de leis e a fiscalização do executivo ficam para os outros, como se não fosse ele mesmo – o parlamentar, um representante do povo, de todo o povo brasileiro.
Voltando ao tema – o PL da anistia, é necessário dizer aos “vereadores federais”, que como eles se comportam como tais, assim serão julgados pela população. O mundo está conectado, todos veem e leem tudo, um pequeno texto como este poderá ser mais conhecido e lembrado do que aquela obrinha da emenda. Até porque os nossos jornais são encharcados de notícias de liberação de emendas dos 11 parlamentares o tempo todo. São centenas, anunciadas repetidas vezes, praticamente ninguém se lembra de quem botou dinheiro aonde. Portanto, saiam da letargia, do comodismo e declarem seu voto no PL da anistia. A política não dá guarida eterna aos sonsos.
Com base nas notícias acima referidas, faço um apelo público aos deputados Zé Adriano, Socorro Neri, Antônia Lucia e Meire Serafim (nenhum eleito defendendo o lulopetismo), para que usem suas redes e o acesso privilegiado que possuem aos jornais e programas de entrevistas, e esclareçam a população acerca do seu voto no PL da anistia. Que o façam sem enrolação, sem meio termo, sem esquivas fugidias. Sim ou não e pronto. Garanto que serão mais lembrados, celebrados e cobrados por isso do que por aquele dinheiro PIX. Com o tempo, caros, a lerdeza pode ser confundida com covardia e Manacapuru, aquela cidade hospitaleira, os aguarda de braços abertos.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWSe, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.