30 de dez. de 2021

Pesquisador Brasileiro realiza experimentos no espaço

Lui Habl estudou na Universidade de Brasília e foi estagiário da AEB

O pesquisador Lui Habl participou de equipe que publicou artigo na revista Nature e teve experimentos realizados no espaço.  Sua equipe criou o projeto de  propulsores para satélites de pequeno porte que utilizam iodo sólido como propelente, a primeira vez que o iodo foi testado em ambiente espacial.  Lui participou de diversas etapas na parte de física experimental para caracterização do sistema e de estudo dos fenômenos de física de plasma. Ele foi estagiário na Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI) e participou na Universidade de Brasília (UNB) do projeto Uniespaço, projeto apoiado pela AEB.

O desenvolvimento do propulsor teve a participação de uma equipe de aproximadamente 15 engenheiros e físicos da empresa ThrustMe. “Eu pessoalmente participei de diversas etapas na parte de física experimental para caracterização do sistema e de estudo dos fenômenos de física de plasma ocorrendo especialmente na pluma do propulsor. Apesar do iodo ter várias vantagens de ser utilizado como propelente, sua física quando em estado de plasma ainda é relativamente desconhecida e pode ser complexa”, disse Lui.

O plasma é um dos quatro estados fundamentais da matéria similar ao gás. Com temperaturas mais altas, os elétrons de um gás separam-se dos átomos, e o gás transforma-se em uma mistura altamente ionizada de elétrons e íons positivos.

O experimento teve um longo caminho antes de ser testado. O desenvolvimento do propulsor foi iniciado em 2017 com diversas iterações de projeto e campanhas experimentais para sua caracterização; durante 2019-2020 o sistema foi qualificado para voo e lançado a bordo do satélite Beihangkongshi-1. “Foi uma longa trajetória de muitos passos de desenvolvimento e testes no solo para assegurar que o sistema iria funcionar corretamente no espaço“, disse Lui

A grande maioria dos propulsores elétricos utilizados até hoje usam outras substâncias como propelente, o que sempre requereu um grande esforço de armazenamento e de gerência. Dessa maneira o iodo trouxe uma maneira muito mais fácil e barata de se utilizar propulsão elétrica no espaço, possivelmente tornando essa tecnologia muito mais acessível a mais missões em termos de custos e de tamanho.

Após o experimento, foi publicado um artigo na revista Nature, uma das principais revistas científicas do mundo. “ Ficamos extremamente felizes com a notícia do aceite da publicação pela Nature, tendo em vista sua enorme reputação e que esse é um dos primeiros artigos nessa revista sobre propulsão elétrica”, disse Lui 

Durante sua formação, Lui foi estagiário da AEB e foi estudante de engenharia aeroespacial na Universidade de Brasília e aluno de mestrado em física, também na UnB. Participou de várias ações do programa Uniespaço.  “Durante toda a graduação participei de diversos projetos acadêmicos que foram financiados pelo programa Uniespaço, dessa maneira o financiamento do programa foi fundamental para meu desenvolvimento acadêmico e profissional que me levou ao meu posto atual de pesquisa”, disse Lui Habl

Um dos projetos que participou foi junto com o professor José Leonardo Ferreira, professor associado do do Laboratório de Física de Plasmas, do Insituto de Física da UnB, que mostra-se muito orgulhoso do seu ex-aluno. “Ele foi fundamental para o Instituto de Física da UnB e formou vários alunos para a área espacial”, disse José Leonardo.

O projeto Uniespaço foi criado pela AEB com o objetivo de integrar o setor universitário às metas do Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae) assegurando atender a demandas tecnológicas do setor com o desenvolvimento de produtos e processos, análises e estudos. Seu principal objetivo é formar uma base sólida de pesquisa e desenvolvimento composta por núcleos especializados capazes de executar projetos na área espacial.

“O setor espacial vem crescendo no mundo inteiro com o advento da miniaturização dos satélites e de startups e projetos espaciais no âmbito do "new space". Porém, acredito que, como todas as áreas da ciência e engenharia no Brasil, esse futuro depende de um financiamento de qualidade e constante por parte do estado para que a área possa se desenvolver e treinar novos alunos para propor e desenvolver projetos inovadores e assim liderar o programa espacial brasileiro nos próximos anos.  O financiamento público por parte da AEB, do CNPq e da FAP-DF, assim como uma estrutura universitária de qualidade, foram fundamentais para que eu pudesse ser treinado para os projetos de pesquisa que participo atualmente”, finalizou Lui.

Link para o artigo na revista Nature:  https://www.nature.com/articles/s41586-021-04015-y

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