16 de mar. de 2022

Arábia Saudita considera aceitar Yuan em vez de dólares para vendas de petróleo à China

Autoridades sauditas e chinesas estão em negociações para precificar algumas das vendas de petróleo do país do Golfo em yuan, em vez de dólares ou euros, informou o Wall Street Journal na terça-feira, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

As duas nações têm tratado do assunto intermitentemente há seis anos, mas supostamente intensificaram em 2022, com Riad descontente com as negociações nucleares dos EUA com o Irã e sua falta de apoio para sua intervenção no Iêmen.

Quase 80% das vendas globais de petróleo são cotadas em dólares e, desde meados da década de 1970, os sauditas usam exclusivamente o dólar para o comércio de petróleo como parte de um acordo de segurança com o governo dos EUA, segundo o Journal.

As negociações são as últimas de um esforço contínuo de Pequim para tornar sua moeda negociável nos mercados internacionais de petróleo e fortalecer especificamente seu relacionamento com os sauditas. A China já havia ajudado Riad na construção de mísseis balísticos e consultas sobre energia nuclear.

Por outro lado, o relacionamento Arábia Saudita-EUA tem se desgastado cada vez mais nos últimos anos. O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman inicialmente apresentou uma imagem pública como reformador, liberalizando as políticas do país sobre direitos das mulheres e justiça criminal.

No entanto, o assassinato em 2018 do jornalista dissidente Jamal Khashoggi foi catastrófico tanto para a ofensiva de relações públicas do príncipe herdeiro quanto para as relações com Washington. A divisão se intensificou depois que o presidente Biden, que disse que o assassinato deveria tornar o reino um “pária”, assumiu o cargo.

Durante o mesmo período, a relação econômica da China com a Arábia Saudita se aproximou, com o reino fornecendo 1,76 milhão de barris de petróleo por dia ao país em 2021, segundo o Journal, citando a Administração Geral de Alfândegas da China. Enquanto o país planeja manter o dólar para a maior parte de seu comércio de petróleo, uma mudança dos sauditas pode criar um efeito dominó para outros grandes fornecedores de petróleo da China, como Rússia, Angola e Iraque.

A Arábia Saudita já havia ameaçado vender em outras moedas em 2019 se o Congresso americano aprovasse um projeto de lei que permitiria a responsabilidade antitruste para os membros da Opep. O projeto de lei, que foi apresentado várias vezes ao longo dos anos, falhou novamente naquele ano.

A reportagem de terça-feira também vem quando os EUA apelaram aos sauditas para bombear mais petróleo para compensar os preços crescentes do combustível agravados pela invasão da Ucrânia pela Rússia e os EUA cortando as importações de petróleo russo em resposta.

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