6 de set. de 2016

BRASILEIROS DESENVOLVEM VACINA CONTRA O VÍCIO EM COCAÍNA


Cientistas da UFMG estudam há mais de dois anos molécula que estimula a produção de anticorpos contra a droga. Substância está em fase de testes com animais

Os anticorpos têm o papel de capturar a cocaína, impedindo-a de chegar ao cérebro. Assim, os efeitos euforizantes da droga são reduzidos, levando o usuário a perder interesse no consumo. (Thinkstock/VEJA)

Cientistas brasileiros pesquisam há dois anos e meio uma vacina que pretende eliminar a dependência de cocaína, revelaram na última segunda-feira os participantes do projeto, que está em fase de testes com animais.

“Desenvolvemos uma molécula que estimula a produção de anticorpos contra a cocaína no sistema imunológico”, afirmou à Agência France-Presse o professor Angelo de Fátima, do departamento de Química Orgânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um dos responsáveis pela pesquisa.

“Esses anticorpos capturam a cocaína, impedindo-a de chegar ao cérebro, e reduzem os efeitos euforizantes da droga, o que leva o usuário a perder interesse” no seu consumo, explicou o pesquisador.

Fátima lembrou que nos Estados Unidos há pesquisas nesse mesmo sentido, mas com moléculas diferentes.

“Nossa molécula é distinta da americana. A brasileira carece da parte proteica”, declarou, sem revelar o nome da molécula utilizada, pois ela “ainda não foi patenteada”.

Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o consumo de cocaína no Brasil é quatro vezes maior que a média mundial. Perante esta situação, a vacina é uma estratégia promissora para o tratamento do vício.

A princípio, a vacina só será usada por pacientes altamente motivados a parar de tomar drogas, para a prevenção do abuso de cocaína por crianças e adolescentes, ou na luta contra o crack, diz Fátima.

(Com AFP)

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