Além disso, aqueles que tiveram acesso ao extrato de própolis apresentaram índice menor de lesão renal aguda. Em pacientes que receberam a dose maior, a taxa de lesão renal aguda foi de 4,8%; já entre os que receberam a dosagem menor, a taxa foi de 12,5%. No grupo que recebeu apenas o tratamento convencional do hospital, a lesão renal aguda ocorreu em 23,8%.
“Apesar disso, todos os pacientes que receberam as cápsulas de própolis não apresentaram necessidade de diálise, diferentemente dos outros que tiveram o tratamento padrão. Além disso, a pesquisa mostrou ainda uma tendência entre os pacientes que receberam extrato de própolis de precisar menos de intubação”, pontua Marcelo Silveira, pesquisador clínico da Apis Flora e do Instituto D’Or, responsável pela condução do estudo.
Segundo ele, os resultados positivos tem a ver com a ação dupla do extrato de própolis no organismo contaminado, segundo apontado pelo estudo. “Elas ajudam a reduzir a ativação da proteína Spike do coronavírus, reduzindo a capacidade de entrada nas células humanas e a ativação do vírus, por meio da redução de expressão de uma proteína chamada TMPRSS2. Além disso, podem agir inibindo a via PAK1, responsável por inflamações, infecções e lesões, como a fibrose pulmonar, depois que o vírus está ativado.”
“Em resumo, a própolis tem propriedades imunomoduladoras, que ajudam a regular melhor a imunidade e fazem com que a pessoa tenha menos reação exagerada ao vírus. E, por ter características anti-inflamatórias, ajuda a reduzir o risco de lesão no organismo”, explica. Um achado importantíssimo, nas palavras de Marcelo Silveira.
"Essas pessoas foram divididas em três grupos aos quais foram aplicadas condutas distintas. O primeiro era composto por pacientes que foram submetidos ao tratamento hospitalar padrão para a doença. Já os outros dois receberam, além do protocolo padrão, doses diferentes do Propomax cápsulas, produto que contém o extrato de própolis EPP-AF. A um dos grupos foram administradas 400 mg por dia do produto, já ao outro a dose diária foi de 800 mg, ambos por 7 dias. A distribuição entre os grupos foi aleatória e todos eles eram semelhantes em termos de composição etária, comorbidades e acometimento pulmonar"
Marcelo Silveira, pesquisador clínico da Apis Flora e do Instituto D%u2019Or, responsável pela condução do estudo
Para David De Jong, pesquisador do grupo e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP/USP), essa descoberta pode ser muito útil para o enfrentamento da pandemia. Além dos resultados positivos e promissores, ele alerta para um impacto social importante. “O fato de se tratar de um produto facilmente acessível por toda a sociedade representa um ganho importante no combate à doença”, comenta.
Realizado pela Apis Flora, em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e o Hospital São Rafael, em Salvador, onde os pacientes voluntários receberam a dose do extrato como tratamento auxiliar, o chamado “Eficácia da própolis como tratamento adjuvante para pacientes com COVID-19 hospitalizados: um ensaio clínico randomizado e controlado” foi publicado em versão na plataforma de pesquisa médica medRxiv.
COMO O ESTUDO FOI FEITO?
A pesquisa, segundo relatos de Marcelo Silveira, responsável pelo estudo, é fruto de anos de estudos. “É importante dizer que não se consegue um produto capaz de amenizar os danos de um vírus como o Sars-Cov-2 de uma hora para outra, e no presente caso, isso foi fruto de mais de 25 anos de investimentos em pesquisas sérias”, diz.
Mas por que o própolis? De acordo com o pesquisador clínico porque o própolis é uma matéria-prima muito diversa em função das fontes botânicas possíveis de serem visitadas pelas abelhas.
“Na literatura científica já foram publicados 12 tipos diferentes identificados somente no Brasil. Por isso, trabalhamos fortemente em estudos e pesquisas para criar essa padronização, de forma que conseguíssemos confiabilidade na reprodução em cada lote desses produtos, pois não podemos falar em um produto para a saúde se não é algo reprodutível. E essa é uma questão que foi fundamental para testarmos o produto nesse estudo clínico”, explica Andressa Berretta, farmacêutica que lidera as testagens.
Aprovado inicialmente pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), o estudo foi realizado entre junho e agosto de 2020 e envolveu 124 pessoas internadas em enfermarias e unidades de terapia intensiva – UTI com diagnóstico confirmado de COVID-19. Todos tinham o mesmo perfil: idade média em torno de 50 anos, com comorbidades similares – diabetes, hipertensão, obesidade, doenças pulmonares prévias –, apresentavam sintomas há cerca de oito dias antes da entrada no estudo e o mesmo grau de acometimento pulmonar visto por tomografia, em torno de 50%.
“Essas pessoas foram divididas em três grupos aos quais foram aplicadas condutas distintas. O primeiro era composto por pacientes que foram submetidos ao tratamento hospitalar padrão para a doença. Já os outros dois receberam, além do protocolo padrão, doses diferentes do Propomax cápsulas, produto que contém o extrato de própolis EPP-AF. A um dos grupos foram administradas 400 mg por dia do produto, já ao outro a dose diária foi de 800 mg, ambos por 7 dias. A distribuição entre os grupos foi aleatória e todos eles eram semelhantes em termos de composição etária, comorbidades e acometimento pulmonar”, explica Marcelo Silveira.
O pesquisador alerta que, apesar dos resultados animadores e de toda plausibilidade biológica, ainda não se pode orientar o uso de própolis em protocolos antes que novos estudos clínicos sejam realizados. A nova pesquisa será realizada com um número maior de pessoas para atestar melhores resultados.
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