Agência Espacial - A parceria entre Brasil e China foi renovada em 2002, para a construção de mais dois satélites no âmbito do Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite - Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). Os CBERS 3 e 4 foram projetados para ter novas cargas úteis e investimentos igualmente divididos entre os dois países.
No entanto, para viabilizar o lançamento do terceiro artefato da parceria sino-brasileira, seria necessário o encerramento das atividades do CBERS 2, visando evitar perdas de informações para os países e demais usuários do satélite.
Assim, entre 2004 e 2007, o Programa CBERS optou pelo lançamento do satélite CBERS 2B, destinado ao monitoramento e captação de imagens terrestres. O artefato esteve operante até 2010.
Na sequência, a produção dos satélites CBERS 3 e 4 incorporou a evolução tecnológica do setor. Por isso, ambos foram projetados com quatro câmeras: Câmera Pancromática e Multiespectral (PAN); Câmera Multiespectral Regular (MUX); Imageador Multiespectral e Termal (IRS); e Câmera de Campo Largo (WFI). O Brasil é responsável pelas câmeras MUX e WFI, enquanto a China é responsável pelas câmeras IRS e PAN. Os quatro imageadores conferem aos CBERS 3 e 4 uma complexidade em termos de imageamento. Ao mesmo tempo, esses imageadores complementam-se e fornecem aos usuários uma gama de atributos muito interessante. A órbita dos dois satélites é a mesma dos CBERS 1, 2 e 2B.
CBERS 3 e 4
O CBERS 3 foi lançado em 9 de dezembro de 2013, porém, houve uma falha no veículo lançador Longa Marcha 4B, o que impediu que o satélite fosse colocado na órbita prevista. O resultado disso foi a reentrada na atmosfera da Terra. O incidente fez com que Brasil e China antecipassem, em quase dois anos, o lançamento do quarto satélite, o CBERS 4.
Assim, em 7 de dezembro de 2014, o CBERS 4 foi lançado com sucesso da base chinesa localizada em Taiyan, a 700 km de Pequim.
Sem interrupção
Para evitar ou minimizar a interrupção no fornecimento de dados para os usuários de imagens do Programa CBERS, Brasil e China assinaram, em 19 de maio de 2015, o protocolo de desenvolvimento e lançamento de um novo satélite, o CBERS 4A. A medida foi necessária em razão da vida útil do CBERS 4 (três anos).
Para o desenvolvimento do satélite CBERS 4A, novamente o Brasil contribuiu com 50% da missão, ou seja, metade dos investimentos foram de responsabilidade brasileira. As empresas brasileiras forneceram diversos equipamentos, tais como os de geração e condicionamento de energia a bordo do satélite (painéis solares, unidade de condicionamento e baterias), a estrutura do satélite, o sistema de comunicação e respectivas antenas, o computador de bordo e as câmeras MUX e WFI, além de equipamentos de teste e de suporte, como os contêineres para o transporte do satélite.
Embora a premissa para o desenvolvimento do CBERS 4A fosse manter as características técnicas tão próximas quanto possíveis àquelas dos satélites CBERS 3 e 4 e fazer uso de equipamentos remanescentes desses satélites, houve significativas melhorias no projeto do CBERS 4A. As câmeras PAN e IRS dos CBERS 3 e 4 foram substituídas pela câmera WPM. Com isso, foi necessária a fabricação de uma nova estrutura do módulo de carga útil (PM), uso de um novo transmissor de dados (DT), aumento da capacidade do gravador de dados (DDR), aumento da precisão de apontamento (AOCS) e mudanças no subsistema de supervisão de bordo (OBDH), com o uso do protocolo de comunicação CCSDS/AOC. Além disso, devido à altitude mais baixa do CBERS 4A, em comparação ao CBERS 4, constatou-se que as resoluções espaciais de suas câmeras são melhores. O satélite CBERS 4A produz imagens nas bandas do visível e do infravermelho próximo, em média e alta resolução, que são adequadas para o monitoramento de vegetação em geral e, particularmente, de desmatamento.
No quarto texto da série Amazonia 1, entenda como a Copa do Mundo de Futebol influenciou o desenvolvimento do primeiro satélite de telecomunicações do Brasil.
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