Iniciativa levou o primeiro brasileiro à Estação Espacial Internacional e testou experimentos desenvolvidos por estudantes e pesquisadores do país
Entre os objetivos da Missão, estava também demonstrar para a comunidade científica a capacidade do Programa Espacial Brasileiro de preparar profissionais para a realização de testes em ambiente de microgravidade, cumprindo as exigências de segurança para embarque em voo espacial, ainda que em curto prazo.
Dos oito experimentos, seis foram desenvolvidos por pesquisadores e estudantes universitários. Outros dois foram pensados por alunos do ensino médio de São José dos Campos (SP). A inciativa visou ao estímulo do interesse juvenil nas atividades espaciais.
Assista ao webinar sobre alguns experimentos realizados durante a Missão Centenário
Durante a Missão, foi constatado que, em maior ou menor grau, todos os experimentos apresentaram resultados que justificaram o projeto. Adicionalmente, a preparação desses experimentos para embarque em voo espacial tripulado, sob severas normas de segurança, permitiu um significativo aprimoramento tecnológico de todos os envolvidos.
Quanto aos experimentos preparados por escolares, foi possível verificar o despertar, não só do interesse de grande número de estudantes, como também a capacitação para elaborar experimentos.
De um modo geral, os experimentos em microgravidade têm permitido o desenvolvimento de conhecimento científico e de tecnologias. No rol de aplicações, estão incluídos o desenvolvimento de novos remédios, de sistemas e equipamentos para diversos usos, de técnicas de produção de alimentos, bem como o conhecimento do organismo humano e suas doenças.
Conheça os experimentos da Missão Centenário:
Evaporadores capilares - São sistemas de bombeamento capilar, dispositivos destinados ao controle térmico de satélites ou de sondas espaciais.
Esta pesquisa teve o objetivo de desenvolver e aperfeiçoar o conhecimento de controle térmico para satélites. O princípio de funcionamento se baseia na capacidade de movimentação de líquido por bombeamento capilar, como ocorre em superfícies microrranhuradas e materiais porosos, como esponja ou pavio de vela.
Foi desenvolvido pelo Laboratório de Combustão e Engenharia de Sistemas Térmicos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Minitubos de calor - A principal função desta tecnologia é transportar o calor concentrado em alguma região mais quente para outra mais fria – normalmente um radiador – de forma a controlar a temperatura de uma superfície ou equipamento de interesse. O objetivo do projeto foi testar, em ambiente de microgravidade, o comportamento térmico permanente de um minitubo de calor.
O teste em microgravidade permitiu avaliar a aplicação direta em satélites. Além disso, foi adaptado para o controle térmico de componentes eletrônicos, como laptops.
Foi desenvolvido pelo Laboratório de Tubos de Calor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Cinética das enzimas lipase e invertase em microgravidade - O experimento visava compreender o fenômeno das reações enzimáticas no organismo do ponto de vista da cinética, ou seja, a velocidade e a dinâmica na interação com as paredes das células, em microgravidade.
Para tanto, foram observadas a lipase, a lipase imobilizada (enzimas que quebram moléculas de gordura) e a invertase, que gera como produto a frutose, de poder edulcorante superior ao do açúcar.
O entendimento da dinâmica é aplicado para as indústrias alimentícia e farmacêutica no desenvolvimento de pesquisas para adoçar xaropes infantis.
O experimento foi desenvolvido pelo Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI)
Germinação de sementes em microgravidade - O objetivo deste experimento foi estudar os efeitos da microgravidade na presença e na ausência parcial de luz sobre os estágios iniciais de germinação de sementes, na síntese de pigmentos e na expressão gênica (sequências de DNA).
Para isso, foram utilizadas sementes de Astronium fraxinifolium, espécie arbórea do Cerrado.
Os resultados do experimento ampliaram o conhecimento sobre esta espécie nativa brasileira e auxiliaram no aprimoramento de técnicas para a preservação ambiental e uso sustentável dos recursos nacionais.
O projeto foi desenvolvido pela Unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Nuvens de interação proteica - Este experimento avaliou a bioluminescência e a quimioluminescência decorrente da interação de nuvens de gotículas de água em ambiente de microgravidade.
O resultado dessa análise possibilitou, entre outros benefícios, o aprimoramento de técnicas para a obtenção de medicamentos de ação mais rápida. Outra vantagem foi a identificação de microorganismos causadores de doenças em reservatórios de abastecimento de água.
O projeto foi elaborado pelo Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA).
Danos e Reparos no DNA em microgravidade - A pesquisa investigou a influência da radiação sobre as atividades no interior das células em microgravidade. Para isso, utilizou-se o modelo de bactérias sob os efeitos da radiação cósmica e do UVA.
A pesquisa focou nos efeitos sobre o DNA das bactérias e na capacidade de correção de lesões no código genético e foi conduzida pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Germinação de sementes de feijão - O experimento avaliou os efeitos dos fatores água, luz e condições de microgravidade sobre a germinação de sementes de feijão.
Para isso, foi realizado simultaneamente na ISS e em quatro Escolas Municipais de São José dos Campos (SP). No geral, observou-se que os estágios iniciais de germinação não foram comprometidos pelas condições de microgravidade.
Verificou-se, contudo, que o desenvolvimento dos embriões da planta foi menor na ISS do que nas escolas. Em órbita, não houve a emissão de folhas primárias, o que pode ter relação com os diferentes tipos de estresses aos quais as sementes germinadas na ISS foram submetidas.
Cromatografia da Clorofila - O projeto teve como objetivo observar a separação dos pigmentos da folha de couve em microgravidade. Para isso, usou-se a técnica conhecida por cromatografia, que separa e identifica as substâncias existentes em uma amostra.
Durante a realização do experimento, foram feitas imagens, em solo e em órbita, no tempo zero e a cada 5 minutos, no intervalo de uma hora. A intenção foi comparar o desenvolvimento dos dois testes.
O processo de separação dos pigmentos da folha de couve, tanto em condições de microgravidade quanto nas condições terrestres foi similar. Não houve diferenças significativas no posicionamento dos diferentes pigmentos nem no tempo de duração do teste. O experimento foi acompanhado por estudantes de quatro escolas de São José dos Campos.
Para conhecer mais sobre os experimentos, acompanhe as postagens nas redes sociais da AEB clicando aqui.
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