Ao todo, foram quatro meses de operação nos Estados do Acre e Amazonas
Navegando com uma tripulação de 85 militares e com o apoio de 29 técnicos de saúde, enfermeiros, médicos, dentistas e farmacêuticos destacados voluntariamente, o planejamento desta operação leva à risca as palavras do escritor Leandro Tocantins, quando retrata no seu livro “O Rio Comanda a Vida” a importância de respeitar o regime das águas nos rios Amazônicos. “A Operação Acre só pode ocorrer nos primeiros meses do ano, uma vez que o Rio Juruá e seus afluentes só permitem a navegabilidade dos nossos meios operativos neste período, contudo é necessário cautela, avaliar a meteorologia, a hidrografia, planejar cada trecho”, destaca o Comandante do 9º Distrito Naval, Vice-Almirante Ralph Dias da Silveira Costa, que já foi comandante do navio em 2001 e conhece, na prática, as especificidades da região acreana.
O navio suspendeu do cais da Estação Naval do Rio Negro, em Manaus (AM), no dia 11 de janeiro e atracou em Cruzeiro do Sul (AC) no dia 29. As ações de saúde foram realizadas com o apoio da Secretaria de Estado do Acre, Secretaria Municipal de Saúde e com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Desei), uma vez que o “NAsH Dr. Montenegro” foi transferido por contrato de cessão do Governo do Acre para a Marinha do Brasil, em 24 de janeiro de 2002.
Assim que atracou, o navio inciou as atividades de Assistência Hospitalar (ASSHOP) com o chamado “Ciclo Completo”, que se inicia pela triagem médica/odontológica, realização de exames, vacinação e entrega da medicação. O navio tem aporte para realizar raio-X, cirurgias de pequeno porte, pré-natal, mamografia, ultrassom, hemograma, urinálise, testes rápidos de HIV, sífilis, malária e dengue. Os procedimentos são alinhados com as diretrizes do Ministério da Saúde, como por exemplo os Programas de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e do Planejamento Familiar.
Há seis anos, o NAsH “Dr. Montenegro” não chegava à cidade mais isolada da região - Marechal Thaumaturgo (AC), em razão do nível baixo dos rios. O município fica na milhagem 1.510, na fronteira com o Peru. “A nossa chegada até Marechal possibilita manter um registro histórico, já que é uma navegação muito desafiadora em virtude da variação do Rio Juruá entre as cidades de Cruzeiro do Sul, Porto Walter e Marechal. Levar atendimento de saúde a uma população muito carente, em áreas isoladas, com acesso somente por embarcações de pequeno porte ou de helicóptero, é nosso principal objetivo”, enfatizou o Comandante do navio, Capitão de Corveta Raphael Siqueira.
Além dos ribeirinhos, foram realizados atendimentos na Aldeia Ashaninka, localizada no município de Marechal Thaumaturgo (AC), na Aldeia Puyanawa do Barão e Ipiranga, pertencentes ao município de Mâncio Lima (AC), e na Aldeia Katukina, localizada no município de Cruzeiro do Sul (AC). Ao todo, 857 indígenas receberam atendimentos médicos, odontológicos, exames laboratoriais, de enfermagem, além de palestras ministradas sobre higiene bucal e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), totalizando 8.775 procedimentos.
Durante a "Operação Acre", o “Navio da Esperança”, como é conhecido na Amazônia realizou atendimentos nos municípios de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Paraná dos Mouras, Valparaíso, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo, todos localizados no Estado do Acre, além de ter realizado atendimentos em alguns municípios do Estado do Amazonas como Carauari, Itamarati, Eirunepé, Pernambuco e Ipixuna, finalizando a Operação com a expressiva marca de 20.501 atendimentos médicos, odontológicos, farmacêuticos e de enfermagem e 7.307 exames laboratoriais e 1.539.915 medicamentos distribuídos.
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