Relações Internacionais, por Galante
Ministro da Defesa diz que negociações com os EUA sobre escudo antimísseis estão perto de um ‘beco sem saída’
MOSCOU - A poucos dias da posse de Vladimir Putin, na próxima segunda-feira, para seu terceiro mandato como presidente, a Rússia deu mostras ontem de que adotará uma política externa mais agressiva do que a do atual ocupante do cargo, Dmitri Medvedev. O principal oficial militar russo ameaçou um ataque preventivo contra as instalações de defesa de mísseis da Otan, a aliança militar ocidental, na Polônia e em outros pontos do Leste Europeu se os Estados Unidos levarem adiante o polêmico projeto de um escudo antimísseis.
As declarações do chefe do Estado Maior Geral russo, general Nikolai Makarov, realçam a resistência aos planos do governo do presidente Barack Obama e representam um passo a mais na deterioração do relacionamento entre os dois países.
- A decisão de usar força destrutiva preventivamente será tomada se a situação piorar – disse Makarov, durante uma conferência em Moscou com funcionários da Otan e dos EUA.
Antes mesmo de tomar posse, um evento que será marcado por um período de quatro dias de feriado, Putin já havia sinalizado uma mudança de tom em uma sessão de perguntas e respostas no Parlamento. O presidente eleito classificou a Otan como “uma relíquia da Guerra Fria” e disse não entender o motivo de sua existência. Ainda assim, reiterou que a Rússia está disposta a cooperar.
O projeto de um escudo antimísseis na Europa representa um dos pontos mais sensíveis na relação entre Moscou e Washington. O projeto inicial foi divulgado no governo de George W. Bush e previa instalações na Polônia e na República Tcheca. O governo Obama elaborou um novo projeto, que, em uma primeira etapa inclui um sistema de defesa em navios e um radar na Turquia. Posteriormente, seriam implementadas bases na Polônia e na Romênia. O novo projeto não conseguiu aplacar a desconfiança entre os dois países. Os americanos alegam que o único objetivo do escudo antimísseis é buscar proteção contra a ameaça de ataque do Irã, mas os russos temem que ele acabe por minar o poder de defesa russo porque daria ao Ocidente a capacidade de abater seus mísseis.
O ministro da Defesa russo, Anatoly Serdyukov, alertou que as conversas entre os dois países sobre o tema estão “perto de um beco sem saída”. A conferência de dois dias em Moscou é o último grande encontro sobre questões militares antes da cúpula da Otan, em Chicago, neste mês. A Rússia ainda não confirmou se enviará seus principais representantes.
No começo do evento, o secretário da Rússia no Conselho de Segurança, Nikolai Patrushev, reiterou a oferta do país de uma administração conjunta do escudo antimísseis. Segundo Patrushev, isso “fortaleceria a segurança de cada país do continente” e “seria adequado para possíveis ameaças, sem deter a segurança estratégica”.
Moscou encomenda radar em Kaliningrado
O vice-secretário-geral da Otan, Alexander Vershbow, minimizou as declarações do militar russo:
- Pensamos que o sistema que estamos desenvolvendo não representa uma ameaça para a Rússia, então a própria noção de retaliação ou medida defensiva não tem fundamento.
Makarov se queixou de que os EUA se recusem a oferecer garantias por escrito de que os interceptadores não teriam a capacidade de atingir um míssil russo de balística intercontinental.
A ameaça de retaliação russa está vinculada ao último passo do projeto, a implantação de elementos de defesa na Polônia, o que só deve ocorrer a partir de 2018. Enquanto os países não chegam a um acordo, a Rússia acaba de encomendar um radar em Kaliningrado, seu posto avançado no oeste, perto da fronteira com a Polônia e capaz de monitorar o lançamento de mísseis da Europa e do Atlântico Norte.
FONTE: O Globo via Forte
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