28 de nov. de 2013

OPERAÇÃO ZAGAN DA POLÍCIA FEDERA DESMANTELA QUADRILHA QUE FALSIFICAVA ATÉ DINHEIRO

Marcos Venícios - A Policia Federal deflagrou simultaneamente nos Estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e São Paulo nesta quarta-feira, 27,  a Operação Zagan, que desmantelou uma grande organização criminosa acusada de fraudar documentos e falsificar dinheiro. Ao todo, 138 agentes cumpriram 35 mandados de prisão, sendo 12 preventivos e 23 temporários, e 36 buscas e apreensões nos Estados.

De acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram inicio no ano de 2010, a partir da apreensão de R$ 3 milhões em cédulas falsas de R$ 50,00, que estavam escondidas no interior de um veículo furtado e clonado que se encontrava em um sítio às margens da represa de Samuel, na cidade de Candeias do Jamari/RO.

No desenvolvimento das investigações, descobriu-se uma imensa e complexa teia de pessoas envolvidas, não apenas com a falsificação de cédulas, mas com os mais diversos tipos de fraudes e falsificações documentais.

Com a elaboração e uso dos documentos falsos, os integrantes da quadrilha abriam contas em bancos, criavam empresas “fantasmas”, obtinham financiamentos, aplicavam vários golpes e efetuavam compras no comércio em geral, sempre com a certeza de jamais terem de honrar seus compromissos, visto que seus documentos e endereços eram falsos.

Além disso, a organização criminosa também estendeu seus tentáculos em outros ramos de atuação criminosa, sendo que advogados integrantes do grupo ingressavam com ações na Justiça Federal, Justiça Estadual e Justiça do Trabalho, com a apresentação de documentos falsos de clientes “fantasmas” e por vezes induziram a erro a estrutura judiciária.

A Justiça Estadual e Federal, Justiça do Trabalho, Receita Federal, Institutos de Identificação, DETRAN, Instituições Financeiras, Junta Comercial e Cartórios foram prejudicados com as falsidades da quadrilha. O valor ilícito levantando pelo grupo ainda não foi levantado pela PF.

O nome da operação faz referência à mitologia, na qual Zagan é o nome dado a um espírito especialista em fraudes e falsificações (principais atividades do grupo criminoso) que consegue transformar cobre em ouro, chumbo em prata, sangue em óleo, água em vinho e sábios em tolos. 


OPERAÇÃO NO ACRE

Nas primeiras horas desta quarta-feira, 27, agentes da Policia Federal cumpriram um mandado de Busca e Apreensão em uma sala comercial na Avenida Antônio da Rocha Viana, nas imediações do Horto Florestal, em Rio Branco. A sala era de propriedade do advogado Emilson Pericles Brasil, um dos três advogados presos, acusado de ser um dos braços da organização criminosa do Estado. Com Emilson, foram detidos ainda os advogado Jorge Osvaldo e Charlles Roney, filho do ex-prefeito de Rio Branco, Mauri Sergio.

Os advogados foram encaminhados a nova sede da PF em Rio Branco e por lá ficaram algumas hora. Depois foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito para depois serem transportados até o Estado de Rondônia, lugar de origem da operação. Duas mulheres também foram detidas na operação, mas não tiveram seus nomes revelados.

ZAGAN EM RONDÔNIA

A juíza federal de Rondônia, Juliana Maria da Paixão, foi a responsável por mandar prender todos os envolvidos da quadrilha. No Estado, um empresário, uma jornalista e 6 advogados foram detidos na Operação. Os nomes não foram divulgados pela PF, alegando que o processo corria em segredo de justiça.

No total foram expedidos 6 mandados de prisão no Acre, 27 em Rondônia, 1 em Mato Grosso e 1 no Estado de São Paulo. Os réus ficarão detidos no presídio federal de Porto Velho.

OAB SAI EM DEFESA DOS ADVOGADOS

A Comissão de Prerrogativas dos Advogados da OAB/AC considerou que a Polícia Federal no Acre agiu de forma ilegal e arbitrária na prisão dos advogados Emilson Brasil, Challes Roney e Jorge Osvaldo.

“O que salta aos olhos é a forma arbitrária de como agiu a Polícia Federal em não requisitar da OAB a presença de advogados. A lei manda que na prisão de advogado e na busca e apreensão de advogado, o advogado compareça com outro advogado. Isso é feito por meio de requisição: o delegado requisita e a OAB encaminha no dia seguinte, mas isso não aconteceu, enquanto que em outros estados, onde a mesma operação aconteceu, a lei foi cumprida”, diz o presidente da Comissão de Prerrogativas, André Neri.

A OAB deve entrar com pedido de habeas corpus ainda hoje em favor dos advogados.

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