No enterro de policial civil assassinado em Niterói, Beltrame cobrou apoio no combate ao crime pediu mais verbas federais
Agentes no velório de Thiago Thomé de Deus: ele foi um dos quatro policiais mortos no fim de semana - Pablo Jacob / Agência O Globo
GISELLE OUCHANA E VERA ARAÚJO — Abalado com a morte de quatro policiais no fim de semana, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou, nesta segunda-feira, que ‘‘a polícia está sozinha no combate à criminalidade no Rio’’. Ele fez o desabafo durante o velório do policial civil Thiago Thomé de Deus, de 29 anos, assassinado na manhã de domingo no bairro do Fonseca, em Niterói. À tarde, ele criticou ainda o modelo orçamentário estabelecido pela Constituição Federal, que impede um maior repasse de verbas para as polícias dos estados:
— Acho que as pastas de saúde e educação precisam mesmo ter maior peso na participação orçamentária, pois são setores importantes, mas me considero só nessa luta de cobrar mais para a segurança dos estados. É muito desigual. O governo federal só nos ajuda mandando recursos para a formação de policiais. Não há um orçamento anual previsto. As pessoas se esquecem que todos têm de participar. A polícia é o único ente do poder público dentro de uma área conflagrada. A polícia é sempre a bucha do canhão. Não existe uma polícia como a nossa no mundo. É o policial que põe o peito na frente e encara esse estado de barbárie.
Sem citar nomes, Beltrame cobrou um maior apoio de instituições à política de pacificação implantada no estado.
— A polícia está sozinha nessa selvageria toda com essas pessoas que não tem apego algum pela vida e matam por um celular. Precisamos da ajuda das outras instituições que compõem o conceito de segurança pública. A ponta disso tudo é a polícia, e ela continua sozinha nessa luta — afirmou o secretário, que repetiu um alerta. — A polícia está se esgotando. A situação de impunidade impera, há uma banalização da vida. Tiram a vida das pessoas de uma maneira muito natural, tiram por causa de um carro, de R$ 30, de um celular. Isso tem a ver com impunidade.
APARÊNCIA DE ADOLESCENTES
Thiago Thomé de Deus e a mulher voltavam para casa após assistirem ao Desfile das Campeãs na Sapucaí quando um grupo de jovens abordou o carro do casal. De acordo com investigadores, o agente tentou reagir e sacou uma pistola, mas a arma teria falhado. Segundo testemunhas, alguns dos assassinos aparentavam ser adolescentes.
Policial civil foi assassinado no bairro do Fonseca, em Niterói - Pablo Jacob / Agência O Globo
O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, também esteve no velório do policial no Cemitério do Maruí. Fazendo coro às críticas de Beltrame, ele defendeu uma discussão sobre a reincidência criminal e o tratamento dado a adolescentes infratores:
— Já passou da hora de a nossa legislação sair do mundo da fantasia e vir para a realidade.
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