31 de out. de 2018

Bolsonaro proporá a Moro trazer método da Lava Jato para Brasília


Juiz teria poderes para influir no MP, nas polícias e no Judiciário
Kennedy Alencar - O presidente eleito, Jair Bolsonaro, quer oferecer ao juiz Sergio Moro a oportunidade de implantar no governo federal todo o método usado pela Operação Lava Jato em Curitiba.

Trocando em miúdos: propor a Moro o comando do Ministério da Justiça com poderes sobre a Polícia Federal e os principais cargos da instituição; a participação decisiva na indicação do próximo chefe da Procuradoria Geral da República, buscando nome afinado com a Operação Lava Jato; a trilhagem cuidadosa das indicações de magistrados para os tribunais superiores que passam pelo Palácio do Planalto, o comando do Susp (Sistema Única de Segurança Pública), recém-criado por Temer, com inspiração no “modus operandi” do trabalho de Curitiba no combate ao crime organizado.

De acordo com um político que participa das discussões do entorno de Bolsonaro, a ideia é trazer a Operação Lava Jato para Brasília e o centro do poder federal numa escala de poder mais ampla do que nos tempos de Rodrigo Janot e Raquel Dodge _respectivamente, os dois últimos procuradores-gerais da República.

“É trazer a Lava Jato de verdade para Brasília. Curitiba foi um programa-piloto”, diz esse aliado de Bolsonaro.

É para permitir a Moro participar da escolha do futuro procurador-geral da República que aliados de Bolsonaro avaliam que o futuro presidente poderá deixar de respeitar a lista tríplice feita pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República).

Ou seja, se aceitar o Ministério da Justiça, Moro teria superpoderes no governo, a exemplo do que ocorrerá com Paulo Guedes no futuro Ministério da Economia. Teria carta branca de Bolsonaro para influir na formatação futura do Ministério Público, das polícias e do próprio Judiciário.

Para Bolsonaro, a nota de Moro divulgada ontem e a aceitação de uma conversa amanhã no Rio são sinais de que o juiz federal poderá dizer sim ao convite para comandar a pasta da Justiça num formato de poder inédito no país e que poderá sobreviver aos futuros mandatos presidenciais.

Nesse contexto, a indicação para ministro do STF seria algo distante demais, pois a primeira vaga está prevista para ser aberta apenas no fim de 2020, com a aposentadoria compulsória de Celso de Mello. Bolsonaro também dirá a Moro que a proposta de ser indicado para o STF continuará valendo, mesmo que ele não aceite comandar o Ministério da Justiça.

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