Atualmente, a Força Aérea Brasileira conta com Esquadrões de Aviação de Caça em diversas regiões do país
Edição: Agência Força Aérea - Revisão: Major Monteiro
Era um sábado, dia 11 de novembro de 1944, quando o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) voou, pela primeira vez, como unidade independente, para combater na Segunda Guerra Mundial. As aeronaves P-47D Thunderbolt decolaram de Tarquínia, na região central da Itália, para realizar missões de reconhecimento armado.
Essa primeira missão foi realizada após quase um ano de criação do 1º GAVCA - que tinha como Comandante o então Major Nero Moura - e um intenso período de treinamento (veja no infográfico).
Dez dias depois, em 21 de novembro de 1944, as varreduras deram lugar às missões de interdição, com as aeronaves armadas com duas bombas de emprego geral AN/M43 de 500 libras (227 kg). O Grupo de Caça passou a fazer bombardeio picado contra alvos no Vale do Pó, cerca de 45 minutos de voo de Tarquínia. Até o final do mês de novembro, os brasileiros executaram 68 surtidas.
“Cada um dos nossos aviões P-47D possuía oito metralhadoras ColtBrowning M2 de calibre .50pol. Cada metralhadora era capaz de atingir uma cadência de 750 a 850 tiros por minuto. Disparadas simultaneamente, o concentrado poder de fogo que elas apresentavam despedaçava praticamente qualquer tipo de alvo que pudéssemos encontrar, até mesmo veículos blindados”, relembram os então Tenentes-Aviadores Rui Barbosa Moreira Lima e José Rebelo Meira de Vasconcelos, em depoimentos no livro Heróis dos Céus - a Iconografia do 1º Grupo de Aviação de Caça na Campanha da Itália 1944-1945.
No início de dezembro de 1944, os brasileiros passaram a operar a partir da cidade de Pisa, também localizada na região central da Itália e a apenas 50 km da linha de frente. O 1° GAVCA executava, diariamente, surtidas de ataque contra pontes ferroviárias e rodoviárias, trechos de linhas férreas e estradas de rodagem, depósitos de combustível e de munição, e edificações ocupadas por forças inimigas.
Para reforçar sua capacidade de destruição, a partir de fevereiro de 1945, as aeronaves do 1º GAVCA foram progressivamente modificadas para receberem o sistema de lançamento de foguetes M10, composto de três tubos, cada um capaz de lançar um foguete M8A2 de quatro polegadas e meia.
Ao final da guerra, no mês de maio, os militares da FAB haviam realizado 445 missões, com um total de 2.546 saídas de aviões e de 5.465 horas de voo. Foram destruídas 1.304 viaturas motorizadas, 13 locomotivas, 250 vagões de estradas de ferro, oito carros blindados, 25 pontes de estrada de ferro e de rodagem e 31 depósitos de combustível e de munição, entre outros alvos.
Ópera do Danilo
Uma história que marcou a participação do Brasil na guerra foi a do então Tenente Danilo Moura. No dia 4 de fevereiro de 1945, após ter seu P-47D Thunderbolt abatido pela artilharia antiaérea inimiga na Itália, o Tenente Danilo percorreu uma jornada de 386 quilômetros, caminhando durante 24 dias. Passando despercebido pelas Forças do Eixo e contando com a ajuda da população italiana, ele conseguiu chegar à Base aliada em Pisa, 19 quilos mais magro. A história da fuga deu origem à Ópera do Danilo, que todo ano é encenada no Dia da Aviação de Caça, 22 de abril, data em que o 1° GAVCA atingiu o auge das atuações, tendo realizado 44 surtidas, distribuídas em 11 missões.
1ª ELO
A Primeira Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO), que, com pilotos e mecânicos da FAB, atuou junto à Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira (FEB), também participou da guerra na Itália, realizando 682 missões de guerra e regulações de tiro de artilharia.
“Dizer do seu trabalho nesta Campanha é cantar um hino ao destemor e à noção de dever dos aviadores e artilheiros que a constituem. Não houve mau tempo, não houve neve, tampouco acidentes e pistas impróprias que arrefecessem o ânimo e a disposição dos seus componentes”, ressaltou o então Comandante da FEB, Marechal João Batista Mascarenhas de Morais, em depoimento no livro “A Força Aérea Brasileira na Segunda Guerra Mundial”.
Aviação de Patrulha
A Aviação de Patrulha também atuou durante a Segunda Guerra Mundial. O Capitão Aviador Affonso Celso Parreiras Horta e o Capitão Aviador Oswaldo Pamplona Pinto, pilotos da aeronave B-25 Mitchell, ainda em formação operacional como patrulheiros, realizaram o primeiro ataque contra um submarino em águas brasileiras, que ocorreu em 22 de maio de 1942, próximo ao Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte. Surpreendido pela rápida ação, o submarino Italiano Barbarigo reagiu intensamente com fogo antiaéreo, submergiu e se evadiu. Até o final da guerra, 11 submarinos foram afundados durante a execução de missões de Patrulha.
Símbolo Comemorativo
Os 75 anos da participação da Força Aérea Brasileira na 2ª Guerra Mundial conta com um Símbolo Comemorativo, que está sendo incluído em documentos administrativos. A Portaria nº 296/GC3, de 9 de março de 2020, orienta que o Símbolo seja utilizado por todas as Organizações Militares do Comando da Aeronáutica (COMAER), nos limites do estabelecido na ICA 903-1 “Símbolos Heráldicos do Comando da Aeronáutica”, de 2017. A determinação foi publicada no Boletim do Comando da Aeronáutica (BCA) nº 44, de 17 de março de 2020.
Evolução da Aviação de Caça
Durante os 75 anos posteriores ao fim da guerra, a FAB operou diversas aeronaves de caça, como o GlosterMeteor, primeira aeronave a jato a voar na FAB; o Lockheed F-80; o Cessna T-37; o DassaultMirage III; o Embraer AT-26 Xavante e o Mirage 2000.
Atualmente, a Força Aérea conta com Esquadrões de Aviação de Caça, localizados nas diversas regiões do país, que operam as aeronaves F-5M, A-1M e A-29.
Além do 1° Grupo de Aviação de Caça, que opera a aeronave F-5M da Ala 12, no Rio de Janeiro, também, operam o F-5M os Esquadrões Pacau (1°/4° GAV), Pampa (1°/14° GAV) e Jaguar (1° GDA). Já os Esquadrões Joker (2°/5° GAV), Escorpião (1°/3° GAV), Grifo (2°/3° GAV) e Flecha (3°/3° GAV) operam a aeronave A-29. E os Esquadrões Poker (1°/10° GAV) e Centauro (3°/10° GAV) o A-1M.
A partir de 2021, a previsão é que a FAB inicie a operação do caça supersônico F-39 Gripen. No segundo semestre deste ano, a aeronave virá para o Brasil para dar continuidade à campanha de ensaios em voo por aqui. O avião foi concebido para ser flexível e utilizar pequena infraestrutura logística, precisando de apenas 500 metros de pista para decolar e 600 metros de distância para pousar. Além disso, o tempo de mudança de configuração também é mínimo: são necessários apenas dez minutos para configurá-lo para missões ar-ar, incluindo o reabastecimento e o remuniciamento das armas.
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