Não houve edição do Correio do Povo no dia 22 de novembro de 1921
DIVERSAS
Correio do Povo/Renato Bohusch - Princeza Izabel - Exactamente hontem, véspera do 32º anniversario da proclamação do regimen que extinguiu o poder monarchico no Brasil, houve por nos dar, o telegrapho, a dolorosa noticia do fallecimento, em Paris, da princeza Izabel, filha augusta de Pedro II, o imperador magnanimo, cujas cinzas veneraveis repousam no seio da Patria, depois de trinta annos de banimento. Taes foram as altissimas virtudes moraes e tantos foram os actos de benemerencia que a extincta praticou em vida, enchendo de serviços extraordinarios o throno que por duas vezes dirigiu, durante a ausencia de seu pae na Europa; tão grande e tão elevada foi a belleza de sua vida, que a princeza Izabel era hoje, na sua longa velhice aureolada pelo soffrimento, uma especie de lenda, uma figura luminosa da historia, uma sagrada reliquia da Patria - Rosa de Ouro sobre cuja cabeça branca caiam as bençãos do nosso povo. A sua alva mão de princeza regente por duas vezes empunhou a penna assignando as leis do Ventre Livre, e a da extincção da escravatura no Brasil, actos esses que cobriram de gloria a magestade do seu throno e lhe valeram o doce cognome expressivo de Redemptora. A contristadora noticia de sua morte nos evoca todo o seu passado de grandeza, lembrando-nos, ao mesmo tempo, os momentos mais amargos de sua existencia, qual o de carpir na terra extranha do exilio a dolorosa nostalgia por uma outra terra distante, terra em que nascera e onde floriram os seus sonhos de esposa, de mãe e de princeza. Essa santa velhinha terá o raro prestigio de apparecer sempre em destaque entre todas as mulheres patricias, pela altura em que se elevaram os seus delicados dotes de alma e coração. E agora que a morte a arrebata do mundo aos 75 annos de idade, quando o seu coração ainda sangrava a perda recente de dois filhos extremecidos, déve o nosso governo como a mais justa de todas as homenagens, trasladar tambem para o seio da patria o seu corpo inanimado, afim e ele repouse coberto de veneração e de respeito ao lado das cinzas sagradas dos augustos paes.
Matéria publicada na edição de 15/11/1921
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