2 de mar. de 2023

Che Guevara é ‘cancelado’ pela… esquerda

Biógrafo do guerrilheiro comenta críticas de 'identitários'

Che Guevara em 1963 | Foto: Wikimedia Commons

Lançado no fim de janeiro deste ano, os quadrinhos Che: uma vida revolucionária, uma adaptação de um livro homônimo de 1997, tornaram-se alvo de ataques por parte da esquerda. Militantes estão chamando o guerrilheiro argentino de homofóbico e racista, críticas já exploradas à exaustão pela direita.

“Nos últimos anos, foi interessante ver esse tipo de política identitária entrando nos debate sobre Che”, observou Jon Lee Anderson, jornalista da revista New Yorker e autor da biografia de Che Guevara, agora adaptada em HQ, em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta quinta-feira, 2. “Outro dia, me espantei quando um jovem me entrevistou e só lhe interessava saber se Che era um assassino, um homofóbico e um racista. De fato, há certas opiniões sobre raça e sobre gays atribuídas a Che, mas elas foram feitas quando ele era adolescente. Como todo mundo, ele é uma figura que evoluiu com o tempo.”

Anderson disse se surpreender por ter de explicar às novas gerações um “fato histórico” que lhe parece óbvio. “O de que revolucionários matavam, muito embora isso não fosse necessariamente algo fácil ou prazeroso para eles”, minimizou o autor do livro. “Quando me vi explicando isso em rede nacional, ao vivo, percebi pela primeira vez que estávamos entrando nesse novo mundo. Esse ringue das redes sociais em que pessoas são avaliadas instantaneamente. Hoje, se julga a vida toda de uma figura histórica por uma única declaração.”

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