9 de jan. de 2018

Família diz que bebê teve perna quebrada e bacia deslocada durante parto e pede ajuda para tratamento no AC


Acidente ocorreu durante cesariana feita no hospital de Brasileia. Direção da unidade diz que não houve negligência e não vai abrir sindicância para apurar o caso.

Pais estão desempregados e pedem ajuda para custear gastos com o tratamento do filho que precisa ser feito em Rio Branco 
(Foto: Cacilda Araújo/Arquivo Pessoal )

Quésia Melo - O pequeno Elizeu teve a bacia deslocada e uma das pernas fraturadas durante uma cesárea no hospital das Clínicas Raimundo Chaar, em Brasileia, no interior do Acre. O caso ocorreu no dia 16 de dezembro e a família afirma que houve negligência durante o procedimento. Os familiares pedem ajuda para custear o tratamento feito na capital, Rio Branco.

Ao G1, a direção da unidade negou a acusação de negligência médica e disse que não vai abrir sindicância para apurar o caso. O hospital diz que a paciente deu entrada na unidade em trabalho de parto e que o procedimento corria bem até que a equipe percebeu, após algumas horas, que o bebê havia entrado em estado de sofrimento fetal e que a bolsa havia se rompido, o que poderia levar à morte do pequeno.

A mãe, ainda de acordo com a direção, foi encaminhada ao centro cirúrgico onde houve uma intercorrência, pois o bebê estava na transversal. Assim, na retirada da criança, ocorreu uma luxação e ele teve o quadril deslocado e o fêmur quebrado. Imediatamente, segundo a direção, o menino foi atendido por um pediatra e um ortopedista, fez uma radiografia, foi imobilizado e encaminhado para Rio Branco.

Ainda conforme a direção, "todos os procedimentos necessários foram adotados no momento do ocorrido, por isso não houve negligência nem imperícia médica". A unidade informou ainda que nem os pais e nem outros membros da família procuraram a unidade para que houvesse algum tipo de apuração.

O bebê é o primeiro filho de Sirlândia da Silva Rocha, que mora com o pai da criança no km 79 da BR-317, a Estrada do Pacífico. Sem celular e vivendo numa área afastada, o casal enfrenta dificuldades para transportar a criança que está com a cintura e pernas engessadas.

A cunhada da mãe, Cacilda Araújo, relatou ao G1 que no dia do parto a acompanhante da mulher foi impedida de entrar na sala por ser menor de idade e não estar com 'roupas adequadas'.

Após a cirurgia, segundo Cacilda, a médica disse à acompanhante que a equipe teve problemas, pois o bebê teria girado para o lado do estômago da mãe. A profissional afirmou ter segurado a perna do bebê que quebrou.

“Inicialmente, achamos que era apenas a perna, o que já é extremamente grave. Além disso, nunca esperamos que algo dessa maneira ocorra em uma cirurgia cesariana, ainda mais que a mãe estava internada desde o dia anterior”, relata.

Após o acidente, Sirlândia e o filho foram encaminhados para Rio Branco. No entanto, a cunhada destaca que a mulher é epilética, por isso o pai ou um parente deve sempre acompanhá-la durante os deslocamentos. No entanto, nesse dia, a mãe foi levada sozinha com o filho logo após o procedimento cirúrgico.

“Ela foi sozinha logo após ter o filho e receber a notícia de que ele tinha tido a perna quebrada, nem sabia a gravidade da situação. Isso foi uma falta de respeito sem tamanho, um erro grande, muito grande”, lamenta.

Bebê teve a bacia quebrada durante cesária em Brasileia, no interior do Acre
(Foto: Cacilda Araújo/Arquivo pessoal)

Cacilda diz ainda que os pais da criança estão desempregados e que o irmão quebrou castanha para conseguir algum dinheiro para manter o filho. A família, conta ela, precisa se deslocar de Brasileia para Rio Branco e a passagem de táxi custa R$ 70. A família afirma que fica dando o dinheiro que tem ao casal, mas a situação está complicada.

À reportagem, a direção da unidade também informou que em nenhum momento foi procurada pela família pedindo auxílio com transporte. O hospital também destacou que a criança está sendo acompanhada por ortopedista e pediatra.

“O mínimo que a Saúde poderia fazer era disponibilizar um carro para que pudéssemos nos deslocar, o erro foi deles e a família inteira paga. Todo o dinheiro que ele ganhou com a quebra de castanha já foi gasto. Tiramos de onde não tem e damos R$ 20 ou R$ 30 sempre que temos. Buscamos o hospital para pedir ajuda, mas não tivemos resposta. A médica nunca nos procurou”, finaliza a Cacilda.

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