17 de jan. de 2019

Bolsonaro e Macri aumentam pressão sobre Maduro


O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Argentina, Mauricio Macri, aumentaram nesta quarta-feira a pressão sobre o mandatário da Venezuela, Nicolás Maduro, classificado pelo líder argentino como um “ditador que quer se perpetuar no poder com eleições fictícias”.

“Compartilhamos a preocupação com os venezuelanos. E reafirmamos nossa condenação à ditadura de Nicolás Maduro. Não aceitamos ruptura da democracia e muito menos a tentativa de vitimização de quem é, na realidade, vitimador”, disse Macri em pronunciamento após encontro com Bolsonaro no Palácio do Planalto.

“A comunidade internacional já se deu conta de que Maduro é um ditador que busca perpetuar-se no poder com eleições fictícias, encarcerando opositores, conduzindo a Venezuela para uma situação desesperadora e agônica”, acrescentou, ao lado de Bolsonaro.

Enfático, o presidente argentino disse que reiterava “de antemão” que “reconhecemos a Assembleia Nacional como a única instituição legítima venezuelana, eleita democraticamente pelo povo venezuelano”.

Bolsonaro, em pronunciamento feito ao lado do líder argentino, destacou a cooperação entre Brasil e Argentina sobre a Venezuela como um exemplo da afinidade das posições entre os dois governos em temas importantes.

“Nesse encontro estamos comprovando a convergência de posições e identidade de valores. Nossa cooperação em relação à Venezuela é um exemplo. As nossas conversas reforçam que seguiremos no rumo certo na democracia e segurança”, afirmou.

MERCOSUL
Bolsonaro disse ainda em sua fala por ocasião da visita do líder do país vizinho que, em reunião com Macri, ambos concordaram a respeito da importância sobre o aperfeiçoamento do Mercosul e de se propor uma nova agenda de trabalho.

“O Mercosul precisa valorizar sua tradição original de redução de barreiras”, disse ele, ao defender que o propósito é que o bloco seja enxuto e tenha relevância.

Bolsonaro defendeu que, na frente externa, o Mercosul precisa concluir as negociações mais promissoras —numa referência indireta ao acordo com a União Europeia, ainda não concluído— e criar novas oportunidades de comércio e investimento.

O presidente elogiou os esforços que Macri tem feito para reerguer a economia do país vizinho, com avanço em uma série de áreas, e também destacou que as reformas econômicas que Brasil e Argentina estão levando adiante são fundamentais para “revigorar nossas economias”.

Em brinde no Itamaraty feito antes do almoço com o presidente argentino, Bolsonaro também disse que Brasil e Argentina têm a firme determinação de combater o crime organizado, e disse que seu governo e o de Macri continuarão a defender a democracia na região.

Ao destacar como “produtivo” o encontro com Bolsonaro, Macri destacou a necessidade de avançar no Mercosul de forma que o bloco se adapte aos desafios do século 21. Disse ainda estar convencido de que o comércio é o instrumento para impulsionar o desenvolvimento e que as negociações para a formação de um acordo com a União Europeia “avançaram como nunca antes”.

O presidente argentino afirmou que a atuação comum tem que envolver a segurança, tendo como objetivo o combate ao narcotráfico, crime organizado e lavagem de dinheiro, assim como uma agenda de transparência e de luta contra a corrupção.

No encontro no Planalto, os presidentes e ministros dos dois países assinaram um acordo para revisar o tratado de extradição entre ambas as nações. Mais cedo, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, havia afirmado que a revisão do tratado tem como objetivo acelerar procedimentos criminais entre os países vizinhos e evitar situações como a do italiano Cesare Battisti, que fugiu do Brasil.

Reportagem de Ricardo Brito

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