2 de abr. de 2021

Mensagem do Chefe da Casa Imperial do Brasil

Meus muito caros brasileiros,

No dia 1º de abril de 2020, quando os graves efeitos da pandemia do novo coronavírus apenas começavam a ser sentidos em nosso País, julguei ser de meu dever, como Chefe da Casa Imperial do Brasil, dirigir-lhes palavras de Fé, esperança e caridade. Passado um ano desde aquela comunicação, acredito ser oportuno revisitar os pontos ali levantados, à luz da experiência obtida desde então.

Com profunda consternação, quero, antes de tudo, lamentar a perda irreparável de 321.515 vidas colhidas neste período no Brasil, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde. Rogo a Deus Nosso Senhor, por intermédio da Santíssima Virgem, pelo eterno repouso dessas almas, e ofereço orações e solidariedade, em meu próprio nome e em nome de toda a Família Imperial, às famílias enlutadas e àqueles que vêm sofrendo, direta ou indiretamente, em função da crise sanitária.

De outra parte, não posso deixar de comemorar o fato de mais de 11 milhões de nossos compatrícios – dentre os quais alguns de meus próprios irmãos, cunhadas e sobrinhos – terem superado a moléstia. Apesar dos problemas e das dificuldades por todos nós bem conhecidos, pode-se afirmar que o Brasil tem enfrentado esta verdadeira guerra, travada não em trincheiras, mas sim em leitos hospitalares, da qual pelo favor de Deus, e pelo valor de seus filhos, há de sair vitorioso.  

Neste sentido, devemos louvar o devotamento incansável de nossos cientistas, médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde que, com não pequeno risco para suas próprias vidas, têm se empenhado no combate e tratamento da doença; o trabalho e o sacrifício desses profissionais – assim como os dos chamados “trabalhadores essenciais”, que, a bem dizer, mantêm o País funcionando durante a calamidade – será sempre digno de toda a nossa admiração e reconhecimento.

Convencido como estou de que o fim do flagelo não tardará, conclamo as Autoridades Constituídas em nível federal, estadual e municipal a deixarem de lado quaisquer discordâncias políticas e cooperarem, segundo suas legítimas atribuições, neste já dolorido esforço em prol da saúde do povo brasileiro. Recomendo-lhes ainda olhar com particular atenção a aflição de médios e pequenos empresários, profissionais liberais, autônomos, bem como os trabalhadores em geral e suas famílias, duramente atingidos pela crise econômica resultante da pandemia; o Brasil é lar de uma gente generosa, laboriosa e inovadora, que saberá superar mais esta crise, fazendo uso dos recursos com os quais nos dotou largamente a Divina Providência. 

Agora, uma vez mais, como católico, sinto ser necessário externar minha angústia ante a nova ameaça de fechamento das portas das Igrejas do Deus único e verdadeiro, privando tantos e tantos brasileiros de receberem os Sacramentos da Confissão e da Sagrada Comunhão e, mais grave ainda, levando muitos a falecer sem a Unção dos Enfermos.

A prática da Religião é fator preponderante para a saúde psíquica de um povo, de modo que renovo aqui o meu respeitoso apelo aos membros do Clero para que – neste momento em que, com razão, preocupamo-nos com a saúde do corpo – não deixem de cuidar da saúde das almas e da salvação eterna de nossos irmãos, como tantos Santos o fizeram por ocasião das pestes que assolaram as nações no passado. E inspirado na Fé que moveu aqueles Santos, animou os mártires e ergueu a Civilização Cristã, convido todos à oração e à penitência.  

Por fim, dirigindo-me de modo particular aos sempre leais monarquistas, quero agradecer-lhes pelo exemplo de amor acendrado à Pátria, de solidariedade e de busca do bem comum que souberam dar ao longo do último ano. 

Na cuidadosa observância das necessárias medidas de resguardo, tem sido possível realizarmos pequenas reuniões, com número limitado de atendentes. Contudo, permanece minha orientação para que, por ora, Encontros Monárquicos e reuniões correlatas de maior porte permaneçam sendo realizados sob o formato de videoconferência, deixando que o uso sadio da tecnologia moderna transponha as vastidões geográficas de nosso rico País de dimensões continentais. Tanto quanto for possível, não faltará a essas beneficiosas conferências o concurso de meus imediatos herdeiros dinásticos, os irmãos Dom Bertrand e Dom Antonio e os jovens sobrinhos Dom Rafael e Dona Maria Gabriela.

Tenhamos em mente que o impedimento é momentâneo, e que muito em breve poderemos comemorar, todos juntos, o Bicentenário da Independência do Brasil, em 2022.

Encerro esta comunicação da mesma forma que fiz há um ano: rogando a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que leve consolo às famílias enlutadas, alento aos enfermos e que abençoe e proteja esta Terra de Santa Cruz, a Ela consagrada por meu tetravô, o Imperador Dom Pedro I, por ocasião do Grito do Ipiranga.

São Paulo, 1º de abril de 2021

Dom Luiz de Orleans e Bragança

Chefe da Casa Imperial do Brasil

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