Por Raimundo Accioly - "Quando vejo alguém de Tarauacá pedindo a volta da carrocinha para se "livrar" dos cães de ruas e dos cães nas ruas, fico pensando...
Já tivemos sim presídios exclusivo para cães recolhidos nas ruas indistintamente, à base do laço e jogados na carroceria de uma caminhonete, adaptada para funcionar como uma espécie de camburão.
O primeiro, lá na estaca zero, com direito ao extermínio por injeção letal. O dono tinha um prazo pra retirá-lo. Não havia uma política de adoção. Se não aparecesse o dono os cães eram executados. Depois foram abandonados de vez e morreram de fome e sede dentro de suas celas. Eu vi com meus próprios olhos.
Outro, na cerâmica municipal onde ouve uma fuga em massa. Alguém abriu as portas das celas e eles fugiram.
Por último, outro construído na margem do Rio Tarauacá. Numa das grandes alagações, eles foram retirados num barco e soltos na ponte. Uns vieram para o Corcovado e outros foram em direção ao Triângulo.
A fundação da ONG "Cão Amigo", que criou um abrigo para recolher das ruas, os animais doentes , trouxe à tona o debate sobre essa questão.
As pessoas achavam que a associação iria resolver o problema que é de responsabilidade do poder público e passaram a cobrar do trabalho voluntário a resolução de um problema de décadas que os poderes públicos nunca trataram com seriedade.
O primeiro passo é o município fundar o Centro de Zoonoses para retirar cães doentes das ruas, tratá-los, alimentá-los e colocá-lo para adoção. Além disso uma política de castração dos cães de rua e até os que são criados pelas famílias. Por fim, alguma forma de responsabilização das pessoas que querem criar seus cães nas ruas.
Já estamos na terceira ou quarta geração de cães de ruas em Tarauacá. Defender o uso apenas da tal "carrocinha" é tirar a responsabilidade do pode público, da sociedade e atribuir a culpa aos cães.
*Raimundo Accioly é um dos fundadores da ONG "CÃO AMIGO"
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