Desvalorização cambial do real em relação ao dólar impactou o demonstrativo financeiro, segundo o CFO da estatal, Sergio Leite
O lucro líquido da Petrobras recuou 37,9% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior, informou a petroleira na noite da segunda-feira (13) em seu relatório financeiro, frustrando as expectativas do mercado e ainda reportando dividendos menores do que o esperado.
O resultado da companhia somou R$ 23,7 bilhões, uma queda também na comparação com o quarto trimestre, de 23,7%, principalmente diante de menores volumes de vendas e devido à redução do preço do petróleo e da margem de diesel.
“A desvalorização cambial do real em relação ao dólar, entre outros fatores como menores volumes de venda de óleo e derivados, preço do petróleo e margem do diesel, trouxe impacto”, disse em nota o CFO da estatal, Sergio Leite, ao explicar o recuo versus o quarto trimestre.
“Quando ocorre a desvalorização cambial, há flutuação no demonstrativo financeiro pela variação do câmbio que reconhecemos por regra contábil. Contudo, isso não afeta o caixa da companhia.”
Entre janeiro e março, o resultado financeiro foi negativo em 9,6 bilhões de reais, ante 3,2 bilhões negativos no mesmo período de 2023 e um resultado positivo de 1,4 bilhão de reais no quarto trimestre.
Esse resultado financeiro, segundo a companhia, foi impactado principalmente pela perda com variação cambial do real frente ao dólar, que se desvalorizou 3,2% no primeiro trimestre ante o fechamento de 2023.
Desconsiderando os itens não-recorrentes, o lucro líquido seria semelhante, de R$ 23,9 bilhões, montante abaixo do esperado por analistas, que previam um lucro líquido recorrente de R$ 30,2 bilhões, em média, conforme pesquisa da LSEG.
Com o resultado, a Petrobras aprovou um pagamento de R$ 13,45 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) intercalares aos acionistas, o equivalente a US$ 2,61 bilhões. O Citigroup havia previsto dividendos de cerca de US$ 3 bilhões.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado totalizou R$ 60,04 bilhões entre janeiro e março, queda de 17,2% versus o mesmo período de 2023 e recuo de 10,2% na comparação com o quarto trimestre.
A receita de vendas da petroleira somou R$ 117,72 bilhões no primeiro trimestre, queda de 15,4% na comparação anual e decréscimo de 12,3% versus o trimestre anterior.
A redução da receita com derivados no mercado interno na comparação trimestral deveu-se principalmente a menores preços, à sazonalidade do consumo, ao aumento do teor de biodiesel na mistura do diesel e à perda de competitividade da gasolina para o etanol hidratado, segundo a companhia.
A estatal registrou ainda menor receita com a venda de petróleo no mercado interno, com menos volumes vendidos para a Acelen, que opera a refinaria de Mataripe, na Bahia, e menores receitas com exportações.
A empresa havia reportado no mês passado que sua produção de petróleo no Brasil subiu 4,4% entre janeiro e março ante igual período do ano passado, principalmente devido ao avanço operacional de quatro plataformas que entraram em operação ao longo de 2023.
A Petrobras produziu média de 2,236 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) no país no primeiro trimestre, versus 2,141 milhões de bpd nos mesmos três meses de 2023, informou a empresa em seu relatório de produção e vendas.
A companhia encerrou o primeiro trimestre com uma dívida bruta de cerca de US$ 61,8 bilhões, uma queda de 1,2% em comparação com o fechamento de 2023 e dentro do intervalo de referência entre US$ 50 bilhões e US$ 65 bilhões.
(Reportagem adicional de Andre Romani)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.