SUV produzido em Porto Real (RJ) decepciona em teste de segurança, com notas ruins especialmente na proteção para crianças
Por Leonardo Felix - O Citroën C3 Aircross produzido no Brasil, na fábrica de Porto Real (RJ), tirou nota zero em teste de segurança do Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe (Latin NCAP) divulgado nesta quarta-feira (20). O SUV, vendido em configurações de cinco e sete lugares como um modelo de proposta familiar, atingiu apenas um terço dos parâmetros de segurança na proteção para adultos e pouco mais de 10% na segurança para crianças.
Segundo o Latin NCAP, o Citroën C3 Aircross foi submetido aos testes de impacto frontal a 64 km/h, impacto lateral, chicotada cervical (whiplash), proteção para pedestres e controle eletrônico de estabilidade (ESC). O programa não realizou a prova de impacto lateral contra um poste, “devido à falta de proteção lateral para a cabeça nas filas dianteira e traseira, que nem sequer é oferecida como opcional”. Assista:
Ainda de acordo com o órgão, as unidades testadas possuíam dois airbags frontais e controle de estabilidade, conforme determina a legislação brasileira. Ainda assim, no impacto frontal, o SUV demonstrou uma proteção “fraca” para o peito do passageiro e “razoável” para o do motorista.
No teste lateral, o colapso da estrutura do modelo apresentou “intrusão relevante no habitáculo, aumentando os riscos de lesões aos ocupantes”. Na prova de chicotada, o órgão detectou “proteção deficiente para o pescoço dos adultos”. Por fim, a “proteção dinâmica para crianças não obteve pontos porque a sinalização das ancoragens [de cadeirinhas infantis] Isofix não cumpre com os requisitos do Latin NCAP”.
Ainda segundo os resultados do programa, a Stellantis, fabricante do Citroën C3 Aircross, não teria informado se tem “planos para atualizar” essa sinalização deficiente. “A maioria dos Sistemas de Retenção Infantil (SRI) testados na instalação falhou e não é possível desativar o airbag do banco do passageiro dianteiro ao colocar um SRI voltado para trás nessa posição”, alerta o órgão.
Por fim, a proteção para pedestres em caso de atropelamentos foi considerada “marginal”. E embora o C3 Aircross tenha um controle de estabilidade que cumpre os requisitos da entidade, o alerta de cinto de segurança não está de acordo com os parâmetros do Latin NCAP e não há nenhum outro alerta ou assistente ativo de segurança.
Com isso, o Citroën C3 Aircross finalizou o teste cumprindo apenas 33% de segurança para adultos, 11,4% de segurança infantil, 49,6% para pedestres e 35% nos sistemas de assistência à condução. Por fim, o Latin NCAP afirmou que, mesmo que o SUV possuísse airbags laterais, a classificação final "seria a mesma”, pois o aumento de nota não seria suficiente para tirá-lo do “nível de zero estrela”. “A classificação do ocupante infantil também teria permanecido no mesmo nível atual”, completa.
Procurada, a Stellantis encaminhou o seguinte posicionamento a respeito da nota zero estrela do Citroën C3 Aircross no Latin NCAP:
“A Stellantis reforça seu compromisso com a Segurança Veicular e que seus modelos comercializados atendem todas as regulamentações vigentes. A segurança de um carro é um conjunto pensado desde o início do desenvolvimento, e vai muito além da oferta individual de itens de segurança ativa e passiva. A variante da plataforma CMP permite ao Aircross ter uma carroceria robusta com ampla proteção ao habitáculo.”
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