Por Wanglézio Braga - A ameaça é real e urgente: a praga da lagarta, que vem assolando pastagens e plantações no Acre, preocupa pecuaristas e agricultores. Em entrevista ao Portal Acre Mais, o pesquisador Carlos Maurício Soares, da Embrapa Acre, destacou o impacto devastador da infestação, que coincide com o início do período das chuvas, um momento crítico para a recuperação dos pastos após a seca intensa.
“Estamos saindo de um período seco, com pastos já comprometidos. Quando o capim começa a rebrotar, vem o ataque das lagartas. Se o pecuarista não agir rapidamente, ele enfrentará três tipos de prejuízo: perda de peso dos animais por falta de pasto, degradação severa das pastagens e aumento da infestação por plantas daninhas”, explicou Carlos Maurício.
A praga, que ataca tanto pastagens quanto plantações, incluindo o milho, tem causado um “susto generalizado” em todo o estado. Em algumas áreas, o ataque das lagartas ocorre simultaneamente com surtos de cigarrinhas-das-pastagens, agravando ainda mais a situação.
COMO CONTROLAR A PRAGA?
O pesquisador ressaltou a importância de monitorar as pastagens logo no início da infestação. “Quando a lagarta é pequena, ela causa danos leves. Mas, se não for controlada, rapidamente se desenvolve e pode desfolhar completamente o pasto. É fundamental agir rápido”, alertou.
Entre as alternativas de controle, estão os inseticidas biológicos, que podem ser aplicados sem a necessidade de retirar o gado, e os químicos, que requerem a retirada dos animais por um período de carência que varia entre três e cinco dias. No entanto, há um desafio: muitos pecuaristas têm relatado dificuldades em encontrar produtos disponíveis no mercado devido à alta demanda.
PREVISÃO DE ALÍVIO E NOVOS DESAFIOS
A boa notícia é que, geralmente, os surtos de lagartas diminuem cerca de 60 dias após o início das chuvas. No entanto, Carlos Maurício alerta para a possibilidade de novas ameaças. “Quem já combateu as lagartas está mais tranquilo, mas o que pode vir a seguir é um aumento nos ataques de cigarrinhas. O controle preventivo é indispensável”, prega.
Ele também destacou a diferença entre os cuidados de pecuaristas e agricultores. Enquanto os produtores de milho, que utilizam sementes transgênicas, estão mais preparados para lidar com a infestação, os pecuaristas ainda enfrentam grandes desafios no monitoramento e controle das pragas.
IMPACTOS ECONÔMICOS E A NECESSIDADE DE AÇÃO IMEDIATA
O avanço da praga ameaça não apenas a produção de alimentos, mas também a sustentabilidade econômica do setor agropecuário. “A lagarta não prejudica apenas o presente, mas compromete o futuro das pastagens, o que pode gerar custos adicionais com a recuperação das áreas”, afirmou o pesquisador.
A recomendação principal da Embrapa é clara: monitorar, agir rápido e utilizar as ferramentas disponíveis para combater a praga antes que ela cause danos irreversíveis. O alerta está dado; agora, cabe aos produtores unirem esforços para minimizar os impactos dessa invasão voraz.
Confira a entrevista, a seguir:
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