12 de dez. de 2024

Silagem de capins tropicais é opção para pecuária na Amazônia


Por Daniel Navarro, da Assessoria - Estudos sobre comportamento de capins tropicais na Amazônia para produção de silagem apontam a prática como opção estratégica para reserva de alimento em épocas de estiagem, que podem se tornar mais severas na região. Trabalhos da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Belém, em parceria com a Embrapa Gado de Corte, mostram como diversas cultivares e manejos impactam a qualidade fermentativa da silagem de capins tropicais.

A ensilagem de capins tropicais tem se mostrado valiosa por preservar o excedente de volumoso e por ser uma cultura de fácil manejo e menor risco, em comparação a outras culturas utilizadas para produção de silagem. “O capim tem flexibilidade de uso já que com o mesmo pasto pode se fazer a silagem e o pastejo. Mas não posso trazer um manejo pronto do Centro-Oeste para cá. Em cada lugar é preciso uma validação das melhores práticas, inclusive considerando diferenças importantes dentro das regiões da Amazônia”, explica o professor adjunto de Forragicultura e Pastagens da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Belém, Dr. Thiago Carvalho da Silva.

Silva, cuja linha de pesquisa é justamente a silagem de capins tropicais, tem conduzido e orientado diversos estudos com o principal objetivo de caracterizar diferentes cultivares em situações diferentes de manejo, analisando aspectos do comportamento na fermentação e qualidade nutricional.

Em estudo inédito realizado na Fazenda Escola de Igarapé-Açú, pertencente à UFRA a cerca de 120 quilômetros de Belém, foi possível estudar indicadores fermentativos, nutricionais e digestivos de sete cultivares dos gêneros Megathyrsus (Syn. Panicum) e Uroclhoa (Syn. Brachiaria). Os capins foram cultivados em 84 parcelas de 12 m2 e cortados a 30, 60 e 90 dias durante o período chuvoso de dois anos. O estudo analisou o pH das silagens de todas as cultivares e as populações microbianas em cada tempo de abertura do silo em 5, 30 e 60 dias.

No estudo, a Brachiaria híbrida Mavuno se destacou pela produtividade em massa seca dentre as cultivares avaliadas. Também, o Mavuno chamou a atenção na queda mais rápida do pH. “Na abertura de cinco dias, o Mavuno já tinha pH em torno de 4,8, o que costuma ocorrer com os capins tropicais aos 30 dias após a ensilagem,” explica Silva.

O especialista lembra que quanto mais rápida a queda do pH, mais eficiente é o processo de conservação da forragem. Ele explica também que a queda brusca do pH pode relacionada com mais presença de carboidratos solúveis na composição do capim, aspecto que será aprofundado em novas análises.

“Estamos sempre à disposição para apoiar estudos que tragam mais produtividade para a pecuária brasileira. As pesquisas que acompanhamos em silagem, fenação e vedação de pastagem mostram o potencial de nutricional da conservação de pastagem para se produzir mais na mesma área. Isso traz rentabilidade e sustentabilidade ao produtor“, avalia Edson de Castro Junior, coordenador técnico da Wolf Sementes, empresa que desenvolveu o híbrido Mavuno.

“Sabemos da produtividade de Mavuno e que o teor de proteína bruta pode chegar a níveis elevados em condições favoráveis de clima e adubação. E quando soubemos que ele também ficou dentre os mais produtivos do ensaio, mesmo em condições de alta precipitação e alta umidade, ficamos muito empolgados com o que podemos entregar na região Amazônica”, afirma o engenheiro agrônomo da Wolf Sementes.

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