6 de ago. de 2025

China bloqueia terras raras para EUA e Europa, mas libera para Rússia e redesenha equilíbrio militar global

Decisão estratégica reforça aliança silenciosa com Moscou e ameaça cadeias militares dos EUA e aliados


A crescente tensão geopolítica se reflete diretamente na indústria de defesa mundial. A restrição imposta pela China à exportação de terras raras para países ocidentais tem gerado uma crise silenciosa, mas grave, na produção de tecnologias militares dos Estados Unidos e da Europa.

Segundo especialistas, ao mesmo tempo em que endurece as exigências sobre países da OTAN, a China facilita o acesso da Rússia a esses materiais estratégicos, escancarando sua preferência geopolítica no conflito da Ucrânia e desequilibrando o jogo global de fornecimento de recursos críticos.


O domínio chinês sobre as terras raras

A China é responsável por cerca de 90% da produção global de terras raras, um grupo de 17 elementos químicos essenciais para tecnologias como radares, mísseis, motores de caças, sensores térmicos e drones militares. Apesar de não serem raros geologicamente, esses minerais exigem processos de extração e refino altamente complexos — uma área que Pequim domina com folga.

Recentemente, Pequim impôs regras mais rígidas para exportações destinadas ao Ocidente, exigindo documentação técnica detalhada, imagens dos produtos e até inspeções de fábricas — alegando preocupação com o uso militar desses recursos. O resultado: atrasos de até dois meses na entrega de peças para drones, motores e sistemas ópticos nos EUA.


Preços disparando e produção travada

Com a restrição chinesa, o preço de materiais como o Samário subiu até 60 vezes, impactando diretamente os custos de produção militar. Empresas como a italiana Leonardo alertam que suas reservas de Germânio estão no limite, comprometendo sensores infravermelhos e cabeças de mísseis guiados.

Sem esses insumos, a superioridade tecnológica das Forças Armadas ocidentais corre risco real. Os impactos não são apenas financeiros, mas operacionais: radares, satélites, visão noturna e até turbinas de aviões dependem desses metais para manter desempenho e resistência.


Enquanto isso, para a Rússia, tudo é facilitado

Apesar de negar apoio militar direto à Rússia, o governo chinês libera com facilidade os mesmos minerais para empresas ligadas ao setor bélico russo. Segundo o canal, as barreiras burocráticas desaparecem quando o destino dos materiais é Moscou — mesmo com evidências claras de uso militar em drones e bombas contra a Ucrânia.

Essa conduta reforça o papel da China como parceira estratégica indireta de Putin, sustentando o esforço de guerra russo ao mesmo tempo em que impõe um estrangulamento às capacidades militares do Ocidente.


O dilema das alternativas

Diante da dependência crítica, os EUA têm buscado alternativas. Investimentos como os US$ 400 milhões destinados à MP Materials, única mina relevante de terras raras no país, visam criar independência. Japão e Taiwan também estão entre os fornecedores em potencial, mas a cadeia ainda depende fortemente da matéria-prima chinesa.

Fabricantes como Lockheed Martin já tentam nacionalizar partes do processo produtivo, mas os esforços esbarram em prazos longos e altos custos. A janela de vulnerabilidade estratégica permanece aberta — e o risco geopolítico cresce.


O equilíbrio global em jogo

A decisão da China de limitar terras raras ao Ocidente é mais que econômica: é uma alavanca de poder geopolítico. Ao controlar o fluxo desses recursos, Pequim pressiona os EUA sem disparar um único tiro, enquanto fortalece a Rússia no conflito mais sensível da atualidade.

A medida reacende o alerta sobre autonomia industrial, segurança de cadeias produtivas e dependência estratégica de regimes autoritários. Em plena disputa pelo controle do Indo-Pacífico e da Eurásia, as terras raras se tornam o novo campo de batalha invisível — e decisivo.

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