12 de dez. de 2008
O Amor e o velho Barqueiro
Chegando, afinal, à margem do grande rio, o Amor avistou três barqueiros que se achavam indolentes, recostados nas pedras.
Dirigiu-se ao primeiro:
- Queres, meu bom amigo, levar-me para a outra margem do rio?
Respondeu o interpelado. com a voz triste. cheio de angústia:
- Não posso, menino! É impossível para mim!
O Amor recorreu, então, ao segundo barqueiro, que se divertia em atirar pedrinhas no seio tumultuoso da correnteza.
- Não. Não posso – recusou secamente.
O terceiro e último barqueiro, que parecia ser o mais velho, não esperou que o Amor viesse pedir-lhe auxílio. Levantou-se, tranqüilo, e, estendendo-lhe, bondoso, a larga mão disse-lhe:
- Vem comigo, menino! Levo-te, sem demora, para o outro lado.
Em meio da travessia, notando o Amor a segurança com que o barqueiro barquejava, perguntou-lhe:
- Quem és tu? Quem são aqueles dois que se recusaram a atender ao meu pedido?
- Menino – respondeu, paciente, o bom remador -, o primeiro é o Sofrimento; o segundo é o Desprezo. Bem sabes que o Sofrimento e o Desprezo não fazem passar o amor!
- E tu, que és, afinal?
- Eu sou o Tempo, meu filho – atalhou o velho barqueiro. – Aprende para sempre a grande verdade. Só o Tempo é que faz passar o Amor!
E continuou a remar, numa cadência certa, como se o movimento de seus braços possantes fosse regulado por um pêndulo invisível e eterno.
Sofrimento, desprezo... Que importa tudo isso ao coração apaixonado? O Tempo, e só o Tempo, é que faz passar o Amor.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.