Réus do núcleo político, acusados de comprar o apoio no Congresso devem começar a ser julgados nesta semana
Eduardo Bresciani, de O Estado de S. Paulo - Os réus acusados de comprar o apoio político de parlamentares no Congresso, entre eles o ex-ministro José Dirceu, começam a ser julgados nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte vai concluir nesta segunda-feira, 1, a análise da conduta dos réus ligados ao PP, PTB, PMDB e PL (atual PR) e a tendência é que na quarta-feira o ministro relator do caso, Joaquim Barbosa, comece a apontar quem considera culpado pela compra dos votos, em cuja fatia está Dirceu.
André Dusek/AE
Papel de ex-ministro no esquema deve ser julgado a partir de quarta
O julgamento completa nesta segunda dois meses com a realização da 30.ª sessão. O ministro Dias Toffoli vai concluir seu voto sobre os beneficiários do valerioduto e, na sequência, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto irão se pronunciar. Como nesta etapa do fatiamento existem 13 réus, a definição sobre o tema deve tomar toda a sessão.
Até agora, foram condenados nove réus neste capítulo, entre eles o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), o presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson, e os ex-parlamentares Pedro Corrêa (PP), Carlos Rodrigues (PL), Romeu Queiroz (PTB) e José Borba (PMDB). Deve se juntar a eles o deputado Pedro Henry (PP-MT), que já foi considerado culpado por cinco ministros, restando apenas um voto para confirmar sua condenação por corrupção passiva.
Capítulos. A maioria dos ministros já concordou com a acusação do Ministério Público Federal de que o esquema incluiu a compra de votos no Congresso. O STF já afirmou que os recursos do mensalão vieram de desvio de dinheiro público e empréstimos bancários fraudulentos. A Corte também já condenou a montagem de um sistema de lavagem de dinheiro pelo Banco Rural em parceria com o núcleo publicitário, chefiado pelo empresário Marcos Valério.
A próxima questão a ser respondida pelos magistrados é quem foram os responsáveis pela compra de apoio político. Além de José Dirceu, são acusados de corrupção ativa o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (PMDB), Valério e seus ex-sócios, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, o ex-advogado das agências, Rogério Tolentino, e as funcionárias da SMPB Simone Vasconcellos e Geiza Dias.
Barbosa vai construir seu voto destacando a ascendência de Dirceu sobre o grupo. Vai demonstrar o papel do ex-ministro na montagem da base de apoio ao governo Lula e sua posição de superioridade em relação aos dirigentes petistas. Destacará os encontros mantidos por Dirceu com outros réus envolvidos na engenharia financeira, como Valério e a cúpula do Rural, a ex-presidente Kátia Rabello e o ex-vice José Roberto Salgado, todos já condenados em outros capítulos.
O relator vai sustentar que Dirceu e o núcleo político se associaram a Valério e ao Rural para usar na compra de apoio o mecanismo de distribuição de dinheiro já implementado no mensalão mineiro, como é chamado o escândalo relativo à campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas em 1998.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção:
Comentários ofensivos a mim ou qualquer outra pessoa não serão aceitos.