3 de mar. de 2015

PETROBRAS DEVE CORTAR ATÉ R$ 30 Bi EM INVESTIMENTOS PARA ESTE ANO


Navio de produção P-32 - Petrobras

Atropelado pelo rebaixamento de rating pela classificadora Moody’s, o novo comando da Petrobras trabalha numa “reconstrução” da imagem da companhia para os investidores que deve ser calcada, este ano, em drástica redução de investimentos e venda de ativos. Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o corte de investimentos em 2015 pode ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões. A redução representa algo entre 25% e 35% do que havia sido planejado – em torno de R$ 80 bilhões.

Além de reduzir investimentos, a companhia decidiu acelerar a venda de ativos para conseguir reforçar seu caixa nesse momento de crise. O novo plano de desinvestimentos anunciado nesta segunda-feira, 2, eleva para US$ 13,7 bilhões o saldo previsto com venda de ativos em 2015 e 2016. Até então, a meta era arrecadar de US$ 5 bilhões a US$ 11 bilhões em um período mais longo, de 2014 a 2018. Com isso, o novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, prevê vender, em média, 150% mais ativos a cada ano do que previa a presidente anterior, Graça Foster.

Segundo fontes, a empresa estuda quais ativos poderiam ser vendidos este ano sem a contaminação de uma redução de preços provocada pelo impacto da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e também pela queda do petróleo no mercado internacional. Por enquanto, a empresa divulga apenas que a maior parte dos ativos que serão vendidos será da área de gás e energia, 40% do total. Mas não foram excluídos do corte os negócios de exploração e produção de petróleo e gás, no Brasil e no exterior, que responderão por 30% das vendas. O reflexo será a redução da reserva de petróleo da empresa.

Já o corte na área de abastecimento, que inclui refinarias e infraestrutura de transporte, responderá por 30% do total e poderá implicar uma redução da capacidade da Petrobras de produzir combustíveis e se tornar independente da gasolina e do óleo diesel importados para complementar as necessidades do mercado interno.

Ao vender ativos e restringir investimentos, a Petrobras encolhe, ao mesmo tempo que concentra sua atividade em negócios considerados estratégicos – projetos de baixo risco, que vão ajudar a fortalecer o caixa, como o pré-sal. Assim, espera sanear a posição financeira neste momento de crise, em que tem dificuldade de financiar investimentos.

A medida foi bem recebida pelo mercado, que vê o enxugamento da petroleira como uma medida prudente e necessária, diante da dificuldade de recorrer ao mercado por crédito.

Uma outra alternativa, seria o governo injetar dinheiro na companhia, por meio de uma capitalização, solução tida por muitos analistas como necessária. Mas essa hipótese, por enquanto, está fora de cogitação pelo governo. Pelo menos em 2015, a empresa não tem problema de caixa. O pagamento a credores está em dia e a diretoria da Petrobras trabalha desde o ano passado para evitar a antecipação de dívidas, decorrente do atraso na divulgação do balanço financeiro de 2014.

O desafio é conseguir dinheiro para levar adiante, principalmente, investimentos no pré-sal, que exigirão a compra de equipamentos a partir de 2016. A empresa não pode adiar as compras, porque tem pressa em iniciar a produção em grandes reservas, como no campo de Libra. Além disso, nessas áreas atua em parceria com grandes petroleiras internacionais, com as quais está comprometida.

Para dar conta dos desafios, o atual diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Ivan de Souza Monteiro, está conduzindo dois tipos de mudanças na governança da Petrobras. Ele implementou na petroleira a figura dos comitês intermediários. Na prática, esses órgãos de decisão criam uma cadeia de responsabilidade, o que evita uma concentração de poder no diretor. Na gestão anterior, o diretor Financeiro, Almir Guilherme Barbassa, respondia por todas as áreas e a ex-presidente Graça Foster mantinha uma linha direta de decisão nas questões financeiras.

FONTE: Jornal do Commercio (POA), via PODER NAVAL

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