Ele não foi criado sob os costumes dos povos indígenas e nem fala suas línguas. Os rituais que ele protagoniza foram todos inventados
O presidente da Bolívia Evo Morales participa de um ritual nas ruínas de Tihuanaco, perto de Lapaz, no dia 21 de janeiro de 2016, para comemorar dez anos no poder. À direita dele está o vice-presidente Alvaro García Linera. Crédito: Jose Luis Quintana/LatnContent/Getty Images
Para ser índio não basta ter pele escura e um nariz “parecido com o de um condor”, como dizem os bolivianos. É preciso ter vivido sob os seus costumes, compartilhado seus valores e falado seus idiomas.
O presidente boliviano Evo Morales é um descendente de índios aimará, mas não fala a língua desse povo. Tampouco sabe de quíchua. Por isso, é satirizado por muitos que gritam em seus discursos: “Fale aimará! Fale aimará”.
Morales só se comunica em espanhol porque cresceu na região do Chapare em uma sociedade de cultura urbana, assim como a maioria dos bolivianos (três em cada quatro deles se diz mestiço e fala o espanhol). Até ele já reconheceu essa farsa. “Esse denominativo de primeiro presidente indígena vem do povo e dos comentários dos analistas. Eu nunca me considerei como primeiro presidente indígena, mas sim como primeiro presidente sindicalista“, disse em 2011.
Além de presidente, Morales é o líder das seis federações de plantadores de coca do Chapare, onde 94% da produção se destina ao narcotráfico de cocaína e crack. É esse o seu currículo. Sua fantasia de índio serve para angariar dinheiro de ONGs internacionais e agradar a imprensa europeia, mas é tão surreal quanto a de um cavaleiro Jedi (o vídeo dele nesse papel, aqui).
Todos os anos, desde que foi eleito em 2005, Morales é ungido como líder da nação indígena nas ruínas de Tiwanaku, que ficam a 70 quilômetros de La Paz. Quando os espanhóis chegaram à América, a civilização que vivia nesse local já estava extinta há séculos. Pouco se sabe sobre eles. Foi esse o palco que Morales escolheu para produzir rituais em série. Segue trecho de matéria da Veja de 2010:
“Após atear fogo às oferendas, (Morales) deixou o local sem esperar que um sacerdote lesse as mensagens divinas nas chamas, como manda a tradição. Depois, quando algumas crianças lhe entregaram dois bastões cerimoniais, virou-se desnorteado para um sacerdote e perguntou: ‘O que eu faço com isso?’“
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