Camila Moreira - O setor de serviços do Brasil iniciou o ano sentindo o peso da recessão econômica, com redução na entrada de novos negócios e corte nos números de funcionários, mesmo que o ritmo de contração da atividade tenha desacelerado, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) publicada nesta quarta-feira.
O PMI de serviços brasileiro, segundo o Markit, melhorou para 44,4 em janeiro contra 43,5 no mês anterior, mas continuou abaixo do patamar de 50 que divide crescimento de contração.
Essa é a 11ª queda seguida mensal na produção do setor e a atividade registrou perdas em todas as seis categorias monitoradas, sendo a mais acentuada na de Aluguéis e Atividades de Negócios.
Com esse resultado e a indústria também apresentando retração mais lenta, o PMI Composto em janeiro subiu a 45,1 em janeiro sobre 43,9 em dezembro. Embora tenha melhorado, esse é o 11º mês de contração, sequeência mais longa de perdas em quase nove anos.
"Os dados mostram uma continuidade dos infortúnios econômicos do Brasil. A estagnação vista durante 2015 está sendo levada para 2016", destacou a economista do Markit Pollyanna De Lima.
O principal motivo para a fraqueza no setor de serviços foi a nova queda no volume de novos trabalhos recebidos, a 11ª consecutiva, matendo-se em um nível acentuado ainda que mais fraco do que em dezembro.
Com o baixo nível de trabalho, os empregadores mais uma vez cortaram suas folhas de pagamento, com o nível de empregos caindo pelo 11º mês, com as perdas mais fortes registradas em Transporte e Armazenamento.
Apesar da demanda fraca, aumentaram as pressões inflacionárias em janeiro, com os fornecedores de serviços citando a fraqueza do real principalmente em relação ao dólar, além dos preços altos de infraestrutura, com a taxa de inflação atingindo recorde de três meses.
Assim, os prestadores de serviços elevaram suas tarifas mais uma vez, com os preços também aumentando pela taxa mais forte desde outubro.
Diante desse cenário, o grau de otimismo das empresas de serviços em relação aos próximos 12 meses se enfraqueceu em janeiro na comparação com dezembro. O Markit apontou cerca de 26 por cento das empresas preveem crescimento da atividade, com expectativa de recuperação econômica.
"Enquanto problemas estruturais permanecem não resolvidos e distúrbios políticos prevalecem, (o Brasil) deve cair em depressão já que 2016 traz maiores desafios às empresas", disse Pollyanna, destacando a alta do desemprego, a deterioração da confiança e a inflação elevada.
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