Por Wanglézio Braga - Em uma região onde a plantação de repolho não é comum, o jovem produtor Paulo Eduardo, de 23 anos, estudante de engenharia agronômica na Universidade Federal do Acre (UFAC), está quebrando barreiras e apostando em inovação. Ele é um dos responsáveis pelas produções do Sítio 4 Irmãos, localizado na região do Juruá, em Cruzeiro do Sul, onde decidiu investir em repolhos, algo pouco usual para os produtores locais.
Os testes com a cultura começaram em abril do ano passado, utilizando sementes híbridas de uma empresa japonesa, e já estão mostrando resultados positivos. “A gente teve que testar primeiro para ver se adequava às condições do clima e solo do Juruá”, explicou Paulo. E deu certo. A plantação atualmente ocupa 1 hectare de terra, um espaço ainda pequeno em comparação com o potencial do sítio, mas suficiente para iniciar a produção e planejar novos passos. “Por enquanto é pouco, pois utilizamos as outras áreas para plantar outros tipos de legumes”, acrescentou o produtor.
Nesta safra, que já começou a ser colhida, Paulo estima uma produção entre 2 e 3 mil unidades de repolho. E com a chegada das chuvas, previstas para as próximas semanas, ele pretende aumentar ainda mais essa quantidade, com alcance de outras 3 mil mudas. “A ideia é expandir”, comenta Paulo, destacando o potencial do repolho como uma cultura promissora para a região.
Mercado promissor para o repolho no Juruá
Paulo Eduardo explicou ao Portal Acre Mais que a decisão de investir nessa cultura está diretamente ligada à inovação e à busca por novos mercados. O Sítio 4 Irmãos, além de repolho, já é conhecido pela produção de hortaliças como couve, alface, cheiro-verde e rúcula, além de frutas. “O mercado do repolho na região é muito promissor. Por enquanto, estamos negociando no mercado local, mas em breve queremos expandir para Rio Branco e até Porto Velho, em Rondônia”, vislumbra o produtor.
A faixa de preço do repolho do sítio revendido ao mercado varia entre R$ 2 e R$ 4 por quilo, dependendo da qualidade do exemplar. No restante do Acre, onde não há grandes produções dessa hortaliça, os preços podem chegar nos grandes supermercados de R$ 12 ou até R$ 16 por quilo, já que a maior parte do repolho consumido na capital é trazida de regiões distantes, como Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, pagando mais caro pelo frete.
Essa diferença de preço mostra o potencial competitivo da produção local de Paulo, que visa suprir parte da demanda acreana e, quem sabe, do mercado rondoniense.
Um desafio de pioneirismo
Apesar do entusiasmo, Paulo reconhece os desafios enfrentados pelos produtores do Juruá. “O que é muito difícil aqui é encontrar insumos e fazer escoar a produção”, afirma. A logística na região ainda é um obstáculo principalmente no período chuvoso, mas o jovem agricultor não se deixa abater.
Durante a semana, ele se dedica aos estudos de agronomia, e nos finais de semana, à lida no campo ao lado dos irmãos, sob a supervisão dos pais, que também são produtores rurais. “É muito esforço para colher e plantar, mas nós vemos que a cultura do Juruá está em expansão, como isso devemos aproveitar e pensar no presente e no futuro”.
Para Paulo, o pioneirismo é parte de sua missão, e ele espera inspirar outros produtores a também investir em novas culturas, deixando de lado velhos hábitos de que em terras acreanas a pecuária e produção de mandioca e do milho precisam se perpetuar.
“Nós, por sermos pioneiros, queremos ser inspiração para os produtores locais. Estamos na fase de testes, mas acho que podemos ir muito mais além”, finaliza o jovem, mostrando a força e a perseverança de quem aposta no desenvolvimento da agricultura familiar no Acre.
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