Secretário do Tesouro americano anunciou medida ao ministro da Fazenda argentino nesta quinta-feira
Presidente da Argentina, Mauricio Macri, e o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, no Fórum Econômico Mundial, em Davos - HO / AFP
Os Estados Unidos vão por fim à política de oposição à maioria dos empréstimos de bancos multilaterais de desenvolvimento tomados pela Argentina, afirmou esta quinta-feira o secretário do Departamento do Tesouro do país. Jack Lew informou a medida ao ministro da Fazenda da Argentina, Alfonso Prat-Gay em Davos, na Suíça, onde ambos estão para o Fórum Econômico Mundial, disse o Departamento em nota.
O Tesouro americano afirmou ainda que o país vai considerar agora cada projeto argentino segundo seus próprios méritos. Lew afirmou que os EUA estavam eliminando a política tendo em vista "os progressos em assuntos chave e uma positiva trajetória política econômica" do novo governo.
O secretário elogiou o "foco em tomar medidas necessárias para levar a Argentina a um crescimento mais forte e sustentável".
Os Estados Unidos mantinham um política de oposição contra a tomada de crédito pela a Argentina desde 2011, em grande medida como parte de uma campanha para pressionar a então presidente Cristina Kirchner a pagar dívidas e outras obrigações a investidores americanos, uma década após um calote de pagamentos.
Na prática, os EUA votavam contra novos empréstimos ao país latino-americano no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Apesar disso, o Banco Mundial não chegou a interromper os créditos e ajuda a programas sociais. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o BID deixaram de conceder novos empréstimos ao país em 2002, logo após a Argentina decretar a moratória da dívida.
O novo presidente argentino, Mauricio Macri, se comprometeu a fazer importantes reformas desde que assumiu o cargo em dezembro, incluindo a retomada de negociações com os credores que ganharam ação judicial contra a Argentina por dívida inadimplente.
Macri já suspendeu restrições cambiais impostas pela gestão anterior, cortou taxas de exportação agrícolas e estabeleceu metas fiscais e inflacionárias desde que entrou no poder.
NADA A ESCONDER
Prat-Gay afirmou em entrevista esta semana em Davos que a Argentina quer melhorar as relações com o Fundo Monetário Internacional e que o governo "não tem nada a esconder", em referência à permissão de uma revisão da economia argentina — uma opção prevista no Artigo 4º do regulamento do FMI.
Em entrevista à AFP, o ministro disse que a Argentina chega ao Fórum de Davos para dizer a verdade aos investidores e se abrir para o mundo, embora sem planos de se reunir com os envolvidos no default.
— Parte dessa vocação do presidente Macri de integrar-se ao mundo através do diálogo é dizendo a verdade. Um país que durante anos mentiu através de suas estatísticas não é um país em que se acredita, e isso é o que estamos mudando — explicou ministro Prat-Gay, segundo a agência.
A Argentina iniciou na semana passada as negociações a respeito da dívida não cumprida com os credores, sem proposta formal. O novo governo planeja apresentar na semana que vem uma nova oferta aos fundos denominados "abutres" na presença do mediador nomeado pelo juiz nova-iorquino, Thomas Griesa.
— É muito importante que todas as reuniões que tenhamos nesse momento sejam reuniões oficiais, transparentes, com a participação do mediador — explicou o ministro em uma pausa de sus encontros bilaterais em Davos. — Não está na agenda reunir-se com alguns dos investidores em Davos — confirmou o ministro.
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