"O que vai fazer diferença falar 'olha a Lei do Feminicídio aí?' Tem que tirar da bolsa uma pistola", diz presidenciável.
Para viabilizar candidatura à Presidência, Jair Bolsonaro se filia ao PSL.
Huffpost/Marcella Fernandes - "Fui massacrado e rotulado de homofóbico." "Você é a favor do kit gay para criancinhas nas escolas?" "Isso é uma carta branca ao menor que já cometeu crime." Essas eram as frases do vídeo exibido em alto volume por quase uma hora em um plenário da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (7), na cerimônia para comemorar a filiação do deputado federal Jair Bolsonaro ao PSL, partido pelo qual irá disputar a Presidência da República.
Na sala lotada, apoiadores do presidenciável vindos de diversos estados faziam selfies e postam vídeos nas redes sociais, vestindo camisetas escritas "Bolsonaro presidente" ou enrolados em bandeiras do Brasil. Os eleitores também gritavam "uh, uh, é Bolsonaro" e "Lula na cadeia", em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do lado de fora do Congresso Nacional, um boneco inflável do pré-candidato.
Antes do discurso, o parlamentar ouviu gritos de "mito" e pediu aos eleitores para cantar o hino nacional com ele. "Impossível não se emocionar num momento como esse. Devemos sim a adoração a um só ser, a Deus, que nos permite este momento que poderá modificar o destino do nosso País", afirmou. Em seguida, pediu que o senador e pastor Magno Malta (PR-ES) fizesse uma oração.
O presidenciável contou a história da família, lembrou das dificuldades dos pais para criar 7 filhos em São Paulo e se emocionou ao citar o pai falecido.
Em sua fala, o pré-candidato destacou as dificuldades de consolidar uma candidatura sem grandes partidos, criticou o "toma lá dá cá" e comparou seus apoiadores a um exército. O deputado citou o economista Paulo Guedes, formulador do seu programa, defendeu privatizações e prometeu ministérios com civis e militares.
Bolsonaro fez duras críticas ao PT, defendeu a "criminalização do MST" e rebateu "aqueles que me chamam de ditador". "Nós, militares, sempre fomos amantes da liberdade e da democracia", afirmou. Ele criticou ainda ataques da mídia.
Quanto aos temas de campanha, o pré-candidato prometeu aumentar o armamento ao cidadão comum. "Essa bancada vai crescer no ano que vem. Ou bancada da metralhadora, como diz o Francishini", afirmou, em referência ao deputado Delegado Francischini (SD-PR), que também migrará para o PSL. O presidenciável aproveitou para defender o uso de armas inclusive no combate à violência contra a mulher.
O que vai fazer diferença falar 'olha a Lei do Feminicídio aí?' Tem que tirar da bolsa uma pistola.
Bolsonaro disse ainda que não é homofóbico, mas afirmou que "está na Constituição o casamento entre homem e mulher" e criticou o que chamou de ativistas que querem "mudar, o que, para nós, não é normal". "Um pai prefere chegar em casa e encontrar o filho com o braço quebrado por ter jogado futebol do que brincando de boneca por influência da escola", completou.
Magno Malta não será vice de Bolsonaro
A expectativa de que Magno Malta seria vice de Bolsonaro foi frustrada pelo próprio senador. Ele disse que tentará a reeleição ao Senado. "Bolsonaro se tornará candidato comigo ou 'sem migo' (sic)", afirmou. De acordo com ele, o debate eleitoral "se dará nos valores de família".
O parlamentar criticou ainda a "ideologia de gênero" e ressaltou que Deus "criou macho e fêmea". Também atacou direitos reprodutivos. "Se ser extrema direita é achar que aborto é um acinte contra a natureza de Deus, é um elogio", completou. Destacou ainda a importância de assegurar a Bolsonaro "um Congresso que pensa como nós", em referência à posturas conservadoras.
Magno Malta disse que não será vice de Jair Bolsonaro.
Na mesa, ao lado do pré-candidato estavam os filhos que também migram para o PSL, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) e o deputado estadual no Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (PSC).
Flávio defendeu o estado mínimo, a redução da maioridade penal, o fim das audiências de custódia e o armamento do cidadão comum. Também ressaltou a necessidade de "segurança jurídica para o policial eliminar os que estão levando terror às nossas ruas e prendendo os cidadãos de bem em casa". Prometeu que o PSL será "o primeiro partido de fato conservador" no Brasil.
Eduardo endossou o discurso do irmão e defendeu o combate à corrupção. "Quem nunca se indignou em ver essa putaria, essa sacanagem toda? E o Congresso Nacional não faz nada", afirmou. Ele também fez duros ataques à imprensa, que teria visitado a cidade natal do presidenciável em busca de provas de condutas irregulares. "Se tivesse roubado um chiclete, era mais corrupto do que o pessoal da Lava Jato", ironizou.
Bolsonaro deve levar cerca de 10 deputados para o PSL.
No comando do PSL, Luciano Bivar agradeceu ao presidenciável por migrar para o partido. "Como o Jair tinha falado. Hoje é o dia do casamento", afirmou. Ele defendeu a garantia da propriedade privada, da família e dos costumes. "Pela retidão que encerra esse homem que vocês chamam de mito", completou. A filiação só pode ser assinada de fato a partir desta quinta-feira (8), devido às regras da janela partidária.
Presente nos atos a favor do impeachment de Dilma Rousseff, a procuradora da república Beatriz Kicis foi citada como "representante das mulheres" no evento. Em uma fala de menos de 1 minuto, ela defendeu que Bolsonaro é o "melhor candidato".
Bolsonaro aumenta bancada do PSL
Até o fim da janela partidária, em 7 de abril, a expectativa é que a bancada aumente de 3 para 13 deputados, com a ida de Bolsonaro. Com pouco tempo de televisão e poucos recursos dos fundos partidário e eleitoral, o PSL tem oferecido cargos regionais para atrair filiados.
Ao lado de Bolsonaro nesta quinta-feira, estavam os deputados Delegado Waldir (PR-GO), Marcelo Álvaro Antônio (PR-MG), Carlos Manato (SD-ES), Éder Mauro (PSD-PA), Mandetta (DEM-MS), Victório Galli (PSC-MT), entre outros. Responsável pela migração, Francischini destacou o "esforço para que o PSL virasse nossa casa".
Ao longo de mais de uma hora, diversos apoiadores de Bolsonaro discursaram. Delegado Waldir fez uma defesa aguerrida das bandeiras do presidenciável.
Chega dessa palhaçada de Ministério de Direitos Humanos.
Delegado Waldir
Já outra parte dos aliados do pré-candidato - hoje cerca de 44 deputados federais - deve permanecer em partidos maiores por questões eleitorais. No PR, por exemplo, os candidatos terão até R$ 2,5 milhões para campanha à Câmara.
Outra dificuldade dentro do PSL é superar o quociente eleitoral nesta eleição e a cláusula de barreira. Para ter acesso ao fundo partidário a partir do próximo ano, a legenda precisa eleger 9 deputados federais ou 1,5% dos votos nacionais em pelo menos 9 estados.
O Delegado Waldir, candidato à reeleição, é uma das apostas para impulsionar a legenda. Em 2014, ele foi o mais votado em Goiás, com 274.625 eleitores, o equivalente a 9% dos votos.
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