29 de nov. de 2019

Aleac promove palestra com PhD em Meteorologia

ALEAC - Na manhã desta quinta-feira (28) foi realizada uma palestra no plenário da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), com a temática: Amazônia, clima global e desenvolvimento regional, com o físico PHD em meteorologia pela Universidade de Wisconsin (USA) Luiz Carlos Molion. A iniciativa do debate é de autoria do deputado Gehlen Diniz (PP).

Luiz Carlos Molion foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia, também possui diversos artigos publicados em revistas, onde em especial aborda sobre os impactos do desmatamento da Amazônia no clima e previsibilidade das secas do Nordeste, mudanças climáticas globais e regionais. O pós-doutor é uma referência nacional e internacional em questões climáticas.

O senador Márcio Bittar (MDB) que também participou da palestra falou sobre a necessidade de desmistificar a ideia de que não se deve investir na exploração de óleo e gás em áreas da Amazônia. Ele pontuou que essa é a mensagem vendida por países de primeiro mundo que de alguma forma não querem que o Brasil alcance esse mesmo patamar.

“A Noruega, um dos países mais ricos do mundo, banca o Fundo Amazônico com mais de um bilhão de reais. Em contrapartida, uma empresa norueguesa que atua no país recebeu de isenção mais de sete bilhões. No Brasil eles financiam empresas que pensam como eles, que não podemos ter óleo e gás, nos proibindo de viver daquilo que eles vivem. Espero que a vinda do professor aqui ajude a fazer com que milhares de pessoas possam refletir, pois foi criada uma série de leis que só instituem a miséria em nosso país”, disse.

O secretário de Produção e Agronegócio do Estado, Edvan Maciel, falou sobre a importância de se promover debates que desmistifiquem falsas ideias sobre o agronegócio e ajudem a alavancar a economia. “O Acre precisa avançar na economia e nós entendemos que a médio e curto prazo só temos uma opção, que são as atividades do setor primário, ou seja, a produção rural, e temos que encarar isso ou ficaremos fadados ao subdesenvolvimento para sempre. Assim teremos um estado melhor, usufruindo tudo de bom que tem a nos oferecer.” 

Luiz Carlos Molion iniciou a palestra falando sobre a satisfação em retornar ao Acre após 25 anos depois de sua primeira visita ao Estado. Disse ainda que sua intenção é estimular as pessoas a refletirem sobre alguns assuntos polêmicos e que por muito tempo a região viveu dentro de uma filosofia retrógrada que travou seu desenvolvimento.

“Por muito tempo plantaram ideias nesse Estado que prejudicaram seu desenvolvimento, mas ainda é tempo de modificar isso. É dito que o desmatamento da Amazônia pode interferir nas chuvas e causar impactos globais, e quem fala isso é nada mais nada menos que o Papa Francisco. Quero mostrar a vocês que nada disso possui base cientifica sólida. Quero fazê-los pensar em ações de desenvolvimento que de fato possuem embasamento”, afirmou.

O palestrante seguiu dizendo que não gosta da locução “desenvolvimento sustentável”, uma vez que, de acordo com ele, a frase é um pleonasmo, pois todo desenvolvimento exige sustentabilidade, caso contrário seria destruição. Falou também que o Brasil tem sido taxado em todo o mundo por seu possível problema com o desmatamento, mas na realidade o país é o que mais preserva.

“Falam muito do desmatamento no Brasil, mas nós somos os que melhor cuidamos das nossas florestas. Na Califórnia as florestas estão em chamas, a mídia não fala sobre isso, se fosse aqui a imprensa mundial estaria nos condenando, porque a floresta amazônica é fruto de disputas. 87% do bioma amazônico está preservado, nós preservamos mais que qualquer outro país no mundo.

O pós-doutor seguiu apresentando dados referentes à produção na Amazônia e também como outros países faturam em cima de produtos advindos daqui. De acordo com ele, por ser tão rica em biodiversidade, a área gera disputas fora do país, e poderosos tentam impedir que a nação usufrua daquilo que a pertence, vendendo falsas ideologias que são abraçadas por aqueles que lucram com o subdesenvolvimento do país.

“A Amazônia não é fonte de unidade para a América do Sul, é o Oceano Atlântico. O desmatamento total da Amazônia não afetaria o clima global, mas afeta o clima local. A floresta absorve 9G1C/ano pela fotossíntese, 100% das emissões humanas atuais. Teremos desenvolvimento quando investirmos em produção de energia e minérios”, concluiu.

Texto: Andressa Oliveira
Revisão: Suzame Freitas
Foto: Raimundo Afonso
Agência Aleac

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