Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE), o professor Vinicius Mariano de Carvalho, do King’s College de Londres, defendeu uma maior valorização do ex-combatentes brasileiros que atuaram na 2ª Guerra Mundial. O especialista da universidade britânica esteve nesta quinta-feira (21) no Senado para falar sobre a importância dos monumentos de guerra e, em especial, do Monumento Votivo Militar Brasileiro, localizado na cidade de Pistoia, na Itália.
— A memória é um instrumento da diplomacia porque nos ajuda a pontuar o presente e o futuro com base em relações passadas. E diplomacia é feita disso. Esses soldados que escreveram parte da história continuam sendo atores nesses memoriais e cemitérios, mesmo depois de mortos há tanto tempo — afirmou.
Na opinião do pesquisador, as escolas do Brasil nunca deram a devida atenção aos brasileiros que lutaram no maior conflito bélico do século 20, pois o tema é pouco discutido no ambiente escolar.
— A gente nunca tratou da Força Expedicionária Brasileira (FEB) nas nossas escolas e, para mim, foi uma grande surpresa descobrir quantos soldados foram para a Europa lutar e quantos deram sua vida pelo país e pela causa. Será que nos lembramos disso? Vocês sabem quantos foram os pracinhas? Quantos foram os que morreram? São dados por vezes esquecidos, mas muito relevantes […] Se nós sabemos pouco, muito menos sabem os atores internacionais — opinou.
A FEB chegou a ter um efetivo total de pouco mais de 25 mil homens, que durante sete meses estiveram em campos de batalha em solo italiano. Quase 3 mil ficaram feridos e 467 morreram em combate.
História
O professor lembrou que o Monumento de Pistoia foi criado em 1945 a partir de uma necessidade básica de qualquer conflito bélico: enterrar os mortos. Em 1960, com a construção do Monumento aos Pracinhas no Rio de Janeiro, o governo brasileiro decidiu trazer para o Brasil os restos mortais dos soldados lá enterrados. Seis anos depois, o terreno foi cedido para a construção de um memorial que marcasse a presença verde-amarela na Itália.
— O que restou foi algo marcante, o Monumento Votivo Militar Brasileiro, que não é uma parte do Brasil, mas uma parte da relação dos dois países. Pertence simbolicamente não a um povo somente, mas a uma comunidade de todos que estiveram envolvidos na 2ª Guerra — explicou o pesquisador, que encontrou sambas, marchinhas e produções artísticas de soldados brasileiros e prepara um livro sobre isso.
Turismo
Segundo o pesquisador, Fernando Collor foi o único presidente da República a visitar Pistoia. Recentemente, o vice-presidente Hamilton Mourão, que é filho de um pracinha, também esteve no memorial.
O professor recomendou a todos que visitem o Monumento Votivo Militar Brasileiro, que, segundo ele, é uma “magnífica representação do esforço nacional durante a 2ª Guerra de atuar globalmente em favor de uma luta cuja causa era justa”.
Os senadores Esperidião Amin (PP-SC) e Antonio Anastasia (PSDB-MG) lembraram que o turismo histórico voltado para eventos militares é valorizado em muitos países do mundo e gera não só fonte de renda atualmente, mas representa uma lição e advertência para os jovens sobre o flagelo das guerras.
Clique aqui abrir o arquivo em PDF da apresentação do professor Vinicius Mariano de Carvalho.
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