Contudo, o ritmo de recuperação segue muito baixo e, para reverter isso, não há outra saída: é preciso crescer mais
Pedro Menezes - Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores.
Os últimos resultados do CAGED, divulgados na última semana, trazem um grande resultado simbólico: a maior geração de empregos com carteira assinada desde agosto de 2014. Nos 12 meses terminados em outubro de 2019, o saldo foi de 491,9 mil empregos criados, o maior valor em mais de 5 anos.
O recorde anterior tinha sido registrado em fevereiro de 2019 – nos 12 meses anteriores, eram 489,5 mil. Porém, o resultado negativo em março deste ano fez despencar o saldo acumulado, que diminuiu em quase 100 mil empregos.
Considerando os empregos acumulados no mesmo ano, o último CAGED trouxe outra boa novidade: 2019 ultrapassou 2014, tornando-se o melhor dos últimos 6 anos neste indicador.
De janeiro a outubro, foram criados 767,7 mil empregos com carteira assinada, mais do que os 699,8 mil registrados do primeiro ao décimo mês de 2014.
Ainda assim, o ritmo de criação de empregos formais segue muito baixo.
Nos 12 meses terminados em setembro, segundo a última PNAD Contínua divulgada pelo IBGE, a força de trabalho aumentou em quase 2 milhões. Isto significa que para cada 4 brasileiros que entram no mercado de trabalho, há um emprego formal sendo criado.
Além disso, a mesma pesquisa mostra cerca de 12,5 milhões de brasileiros desempregados, ou 11,8% da força de trabalho. Dado o alto nível de desemprego ainda vigente, os números do setor formal ainda decepcionam.
Sob um ponto de vista histórico, a conclusão se mantém. Apesar de ter sido o melhor dos últimos 6 anos, o saldo do CAGED acumulado de janeiro a outubro está abaixo de todos os outros anos da amostra, que começa em 2000. Esse fato, que pode ser observado no gráfico acima, exemplifica quão mal estivemos nos últimos anos.
No auge do último ciclo econômico, o Brasil gerava mais de 2 milhões de empregos por ano. E mesmo em momentos pouco animadores da economia, como na crise de 2009 e no fim do governo FHC, a geração de empregos formais esteve acima do nível atual.
Para mudar essa situação, não há saída: é preciso crescer mais. Como mostra o gráfico abaixo, há uma correlação clara entre o crescimento do PIB num ano e o saldo do CAGED no mesmo ano.
Com o crescimento do PIB esperado entre 2 e 3% em 2020, é provável que o saldo do CAGED fique mais próximo do observado em anos como 2012, 2013 e 2005 – isto é, ao redor de um milhão de empregos criados. Não é uma previsão das mais precisas, mas o exercício serve como boa referência do que esperar.
O Cadastro Geral de Empregos e Demissões, popularmente conhecido como CAGED, registra cada contratação e desligamento de funcionários no setor formal da economia brasileira. O saldo do CAGED é a diferença entre empregos e demissões, ou a geração líquida de empregos formais.
Isto é, considera apenas os empregos com carteira assinada – em contraste com a PNAD Contínua, do IBGE, uma pesquisa amostral que inclui desde servidores concursados até ambulantes que vendem balinhas no sinal. Em outro texto do blog, expliquei as principais diferenças entre as duas fontes de dados e o que podemos saber com elas.
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